Como montar home studio: boas práticas

Quando falamos em montar home studio, há sempre muitas variáveis. Isso porque cada home é uma, com suas características e detalhes. Outro ponto pra deixar claro é que home é (sweet) home, logo, você tem que se contentar com a ideia de que terá limitações. Existe uma linha nem tão tênue em que seu projeto deixa de ser para um home studio e passa a ser para um estúdio – e, se for esse o caso, é assunto para outro dia. 

Ainda no campo das variáveis: montar home studio depende do que você pretende. Você vai gravar as próprias canções? Essas canções são mais para o acústico básico (ou seja, violão, baixo, guitarra, bateria) e, por isso, está contando com uma boa captação? Você vai produzir música que depende de bases eletrônicas (rap, funk, trance) e mandar ver em toneladas de plugins? Você vai misturar os dois modos?

O que você precisa saber para montar home studio

Cada passo da montagem de um home studio visa aproveitar o melhor de ser um home studio e minimizar o pior de ser um home studio. Basicamente, os passos são três: captar, converter, editar. Eles se conectam: 

  • Captando: você precisa de microfones.
  • Um bom pré-amp (caso sua interface não os tenha). 
  • Convertendo: você precisa de uma boa interface com seus conversores AD/DA. 
  • Editando: o computador, DAW e monitores de referência fazem toda a diferença também nesse momento. 

Não adianta ter uma boa captação se a conversão do analógico para o digital é precária. Assim como é inútil um computador voando, mas uma captação defeituosa, em que o som já chega com ruídos e má qualidade. Programas de gravação podem até consertar algumas coisas, mas não fazem milagre. 

Computador: o maior investimento

Primeiramente e, se possível, reserve um computador apenas para os trabalhos no home studio. Ele precisa, principalmente, de: 

  • Boa memória: no mínimo 4 GB de RAM, afinal, softwares e arquivos pesados vão rodar ao mesmo tempo – se precisar de muitos instrumentos virtuais e plugins, então…
  • Bom processador: sistema operacional de 64 bits para rodar seu DAW com 32 bits de pontos flutuantes. 
  • Armazenamento suficiente: de preferência HD SSD. Não esqueça do HD externo de alta capacidade.          

Falando em HD externo, é bom que o computador possua USB 3.0, USB-C ou porta thunderbolt. No USB, além do HD, serão possivelmente conectados controlador MIDI, interface e, talvez, até microfone. É bom deixar as entradas liberadas. 

Interface

Se o computador é o cérebro, a interface é o coração. Lembre-se de separar uma entrada USB do computador para ela ao montar home studio – é a conexão mais comum dessa ferramenta. 

A interface reúne vários pontos importantes do home studio. Precisa ter: 

  • Bom pré-amp:  fundamental na gravação de qualquer instrumento, em linha e através de microfone. Claro que você pode adquirir um pré-amplificador avulso, mas isso significa mais dinheiro, espaço, conectores e especificidades
  • Conversor: é o que transforma o sinal analógico em digital. Precisa fazê-lo com precisão e rapidez. Sua atuação também conversa diretamente com a capacidade do sistema operacional.
  • Entrada para fone de ouvido. 
  • Saída estéreo para monitores de referência. 
  • Display: ajuda e muito a perceber a intensidade do sinal enviado pelo instrumento. Não deixe chegar no vermelho – o famoso “clipar”. Isso significa som saturando e gravação perdida. 

Quantas entradas a interface precisa ter?

Depende de quantas coisas você pretende gravar ao mesmo tempo. Como estamos falando de um espaço reduzido, uma interface que tenha de duas a quatro entradas é suficiente na maioria dos casos. 

DAW – Digital Audio Workstation

É a “cereja do bolo” nessa trinca interdependente formada, também, pela interface e pelo computador, devido a, principalmente, dois motivos: sua interface deve ser compatível com a DAW que você pretende adquirir; e determinados DAWs só rodam em determinados sistemas operacionais. 

Os principais tipos de DAW adquiriram um padrão de qualidade cujas diferenças são pouco perceptíveis para ouvidos leigos. Mas, novamente: depende. Se você quer baixar pacotes de instrumentos virtuais e efeitos para pós-produção, a escolha do DAW merece cuidado. Até porque, alguns deles possuem plugins nativos bem interessantes. 

A finalidade da DAW é outro ponto a se considerar. Existem softwares com recursos ideais para registros ao vivo, por exemplo, como o Reason ou o Live; outros são mais indicados para mixar, como o Reaper ou Tracktion. Ao lado desses, os mais populares são Pro Tools, Cubase e Sonar. 

Microfones

O ideal é sejam versáteis, já que devem captar diferentes fontes sonoras: voz, percussão, sopros, violão, ou mesmo amplificadores de guitarra. 

O condensador de diafragma largo é indicado pela nitidez com que registra o som. Por outro lado, o microfone dinâmico exclui com precisão reverberações e ruídos indesejados, porém, traz menos profundidade no som. 

É quase unanimidade que o som captado em home studio precisa ser o mais seco e puro possível. A não ser que a sua sala tenha um reverb natural involuntariamente incrível que você queira trazer para a sua gravação, é melhor que o toda captação acústica seja clean e flat. Sobre efeitos, sempre parta do seguinte princípio: é mais fácil adicionar do que retirar. 

Fones

Se sua presença é ponto pacífico, a aplicação desse acessório traz divergências. É importante que o headphone isole e minimize os efeitos de uma sala sem o tratamento adequado. Por isso, alguns técnicos usam o fone no home studio não só como retorno e no monitoramento de gravações, mas também na mixagem e masterização. Outros discordam, opinando que o contato do áudio propagado no espaço é que configura com exatidão o resultado sonoro final. Estes preferem mixar e masterizar usando os monitores de referência. 

Monitores de referência

Disponíveis nos modos ativo (com amplificação própria) e passivo (que exige um periférico com essa finalidade). O monitor pode causar, de início, estranheza aos ouvidos, já que apresenta um som extremamente cru e duro – em tese, flat, ou seja, sem sobrar nem faltar agudo, médio ou grave. 

Posicionando os monitores

Aquele papo do som propagado no espaço, lembra? Ele faz sentido se forem seguidos certos critérios. É importante que os monitores estejam posicionados de forma adequada. As caixas devem formar um triângulo equilátero, voltados 30 graus em relação ao centro, onde você está. Dessa forma, altura dos alto falantes deve apontar para os seus ouvidos. A distância mais indicada é de 1 a 1,5 metros entre as caixas e você em um sistema near field

Igualmente, eles não podem ser colocados muito próximos à parede, sob o risco dessas provocarem reverberação. 

Para evitar vibrações e reflexões, é melhor instalar os monitores sobre suportes, e não nas próprias mesas de controle. Espumas nas laterais e atrás dos monitores podem, similarmente, ajudar no balanço de frequências. 

Controlador MIDI

As DAWS estão ficando cada vez melhores na relação com MIDIs – e a gama de opções desse recursos é infinita. Quanto ao teclado, fica a seu critério: os controladores mais usados possuem teclas menores que o padrão – se você for um tecladista/pianista de formação, isso pode fazer diferença. Alguns teclados de palco possuem entrada MIDI, facilitando a sua vida, se esse for o caso. Controladores MIDI que possuem apenas pads também são uma opção bastante presentes nas produções digitais. 

Cabos

É errado tomar pouco cuidado com a escolha dos cabos, já que a qualidade do sinal enviado na captação para o seu conversor é um dos tópicos mais importantes de todo o processo. Quanto mais curto, menos chance de queda no sinal. Quanto melhor o material, menos interferência no som. 

Assim como cada home é um, cada ouvido também é. Não existe manual para um som que é único. Para além de toda essa teoria, o home studio demanda bastante prática. Mãos e ouvidos à obra! 


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Nerau