Tratamento de Áudio: edição e processamento no software (DAW)

Hoje vamos trabalhar conceitos, fundamentos, técnicas e dicas sobre tratamento de áudio, focando naqueles que possuem ou querem começar um home studio.

Vamos começar abordando alguns conceitos.

O que está incluso quando falamos de Tratamento de Áudio?

Diversos processos fazem parte, e cada um deles faz enorme diferença no resultado final do trabalho.

O primeiro processo de tratamento de áudio que deve-se fazer é a edição. A edição consiste, dentre outras coisas, em colocar cada instrumento e vozes no tempo, redução de ruídos desnecessários, afinar as vozes, minimizar possíveis problemas do processo de gravação, etc. 

Para isso, existem alguns softwares que nos auxiliam neste processo de edição de áudio. Os principais são as DAWs (Digital Audio Workstation), dentre outros softwares. Alguns dos exemplos que podemos citar é o Audacity, ProTools, Logic Pro X, Ableton Live, Cubase, Adobe Audition, Reaper, etc. Cada uma delas possui suas particularidades, e alguns são programas gratuitos. Veja aqui um artigo especial sobre este assunto.

Eu estou familiarizado com o Reaper (que é um dos softwares de origem open source, gratuito) e vou dar exemplo de como fazer edição de bateria, colocando as peças no tempo.

  • 1° Passo: colocar o projeto do reaper no andamento (BPM) e compasso da música a ser editada;
  • 2° Passo: agrupar a bateria para editá-la por completo;
  • 3° Passo: desativar a função “Locking” na menu superior para movimentar livremente a parte selecionada;
  • 4° Passo: clicar no local a ser “cortado” e tocar em “S” no teclado, essa função vai cortar a pista (Track), fazendo ser possível a movimentação e correção;
  • 5° Passo: realizar o “Crossfade” para que não haja buracos de áudio na bateria;
  • 6° Passo: repetir os passos 4 e 5 nas demais partes fora do tempo.

A princípio, é isso. Claro que editores experientes com carreira na área possuem técnicas muito mais apuradas para este tipo de procedimento. Porém, de início, é importante fazer da forma que mostrei acima.

Depois da etapa de edição, começa a etapa de mixagem. Essa etapa inclui os processos de filtragem, equalização, redução de ruídos e vazamentos, processamento artístico da música, etc.

Filtragem

É o processo de aplicar filtros à faixa (track), como: HPF (High Passa Filter – Filtro passa alta) ou Low Cut (Corta baixas); LPF (Low Pass Filter – Filtro passa baixa) ou High Cut (Corta Altas). Dessa forma, ajuda a limpar um pouco a mixagem.

Redução de ruídos e vazamentos

Geralmente, utiliza-se Noise Gate ou Expander para esse processo. O Noise Gate funciona como um portão que, quando determinado ponto chamado (Threshold) é atingido, se abre e deixa o áudio passar.

O Expander é semelhante, todavia, com uma ação menos agressiva, sendo mais aveludado que o Noise Gate.

Equalização

É o processo de colocar cada elemento em seu devido lugar, adicionando ou reduzindo frequências.

Efeitos

Neste passo, devemos ser muito cuidadosos. Um bom efeito, bem configurado e bem utilizado pode ser incrível. Entretanto, um bom efeito, mal configurado e mal utilizado pode acabar com uma mixagem muito bem feita.

Os efeitos mais utilizados são os reverbs (Hall, Room e Plate), delays e chorus.

Masterização

Esse processo é, sem dúvidas, um dos mais importantes no processo de tratamento de áudio.

A masterização é o processo de tratar a música como um todo e adaptá-la às mídias e/ou plataformas de streaming, levando a uma uniformidade de resposta de frequência e dinâmica desejada para a música. 

Embora essencial, a mixagem por si só não é suficiente para distribuir uma música nas plataformas, visto que as plataformas de streaming trabalham com normalização de áudio e adaptam à um certo nível chamado de LUFS (Loudness Unit Full Scale).

Além disso, caso não entreguemos o material no devido nível à plataforma, esse material será normalizado pela plataforma para atender aos critérios e isso pode ser muito prejudicial à música, visto que a música costuma ser bastante comprimida, prejudicando (ou não) o resultado final do seu trabalho.

Vou abrir aqui alguns parênteses extremamente importantes sobre esse assunto.

1° Grave bem!

É essencial o cuidado absoluto no momento da gravação. Esse processo é determinante para o resultado final do projeto. Ao gravar, microfone bem, cheque fase, cancelamentos, vazamentos, posicionamentos, utilize o som da sala a seu favor, assim como os melhores equipamentos que seu orçamento permitir. Use as ferramentas a seu favor!

2° Preocupe-se com a sala que você irá usar para mixar

Saber ouvir de forma correta é algo essencial para alguém que está produzindo/mixando algum projeto de áudio. Não adianta nada a gravação ser excelente, com ótimos equipamentos e uma sala top, mas o responsável pela mixagem estar dentro do banheiro com 2 monitores horríveis.

Então, cada etapa é extremamente importante e deve ser feita com o máximo de cuidado e atenção, respeitando as limitações técnicas e sem esquecer dos resultados artísticos desejados.

3° Atente-se sempre para a identidade musical produzida

Se você foi contratado ou convidado para mixar um projeto, você não pode descaracterizar esse projeto. Para isso, indico que você ouça os mais variados estilos musicais e artistas, retendo o que é bom e aprendendo com os erros dos outros.

Em conclusão, gostaria também de encorajar todos vocês a começarem seus projetos de home studio. O primeiro passo ninguém vai dar por você. Produza, mixe, masterize, edite e, principalmente, compartilhe seus resultados! 


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Nerau