A autoridade do técnico de igreja

Ser técnico de igreja não é uma tarefa fácil. Além da preparação técnica, dos diversos níveis de conhecimento exigidos e da constante atualização necessária, também faz parte do dia a dia o relacionamento interpessoal. E isso vale para músicos, pastor, padre, grupo de louvor ou o público.

Em uma conversa com um grupo de técnicos de igreja, o Mundo da Música abordou esse assunto, e foram muitas histórias e opiniões interessantes. Porém, uma característica é comum: tudo deve ser em favor do Reino. Ou seja, o objetivo é sempre passar a mensagem de Deus, da melhor forma possível.

Participaram do “encontrão” Douglas Ribeiro (ADVD Chapadão/RJ), Clayton Souza (Igreja Batista Ebenézer em Duque de Caxias/RJ), Daniel Santos Menezes (Igreja Batista Monte Verde em Magé/RJ), Wendell Barros (Primeira Igreja Batista em Santa Mônica, Vila Velha/ES) e Anderson Mangueira (Igreja Videira/RJ).

O investimento no técnico de igreja

Os técnicos contaram que uma das grandes dificuldades durante o trabalho é o investimento, seja em qualificação ou em equipamento. E isso se dá, muitas vezes, por más experiências anteriores.

“Um das coisas que nós vivemos na igreja é a questão do investimento errado. Por exemplo: passam muitos técnicos pela igreja e fazem exigências, investem um dinheirão e não se tem o resultado que quer. Acaba que a credibilidade dos técnicos que vêm depois vai por água abaixo. No meu caso, eu tive que reconquistar essa credibilidade”, conta Clayton. Porém, uma vez reconquistada essa confiança, a igreja investiu em Clayton, em relação a cursos no IATEC – Instituto de Artes e Técnicas em Comunicação. Lá, ele aprendeu mais sobre áudio, iluminação e operação.

“A busca por conhecimento impõe respeito, e as coisas começam a mudar a partir daí. O respeito vem de você ter propriedade”, afirma Wendell. Por outro lado, ainda que não haja a possibilidade de investimento por parte da Igreja, Daniel ressalta que há muita informação disponível online. 

Ao mesmo tempo, é necessário compreender que áudio e acústica custam caro. “Quando você tem um líder que não entende isso, você lida com as dificuldades”, diz Anderson. E o propósito de levar a Palavra fica prejudicado.

A estratégia encontrada por Douglas para ter suas necessidades compreendidas foi, assim, formalizar uma apresentação de projeto para o pastor e todas as lideranças da igreja, explicando a relevância do Ministério de Comunicação. 

Guia do técnico de áudio de igreja

Uma equipe alinhada

Clayton relembra que todo relacionamento deve ser baseado na credibilidade, e isso se estende aos músicos da igreja. É necessário separar o que é gosto pessoal e o que é tecnicamente correto.

Um técnico de igreja que está em constante evolução e qualificação acaba por conquistar esse respeito e alinhar expectativas com seus pares. “É aos pouquinhos, conversando, trocando ideia, ‘se eu fizer isso, eu posso te prejudicar’”, conta Clayton. 

O músico precisa se ouvir, mas um retorno muito alto pode causar problemas para o público e o técnico de PA, por exemplo. É necessário encontrar o equilíbrio.

Douglas Ribeiro diz que um dos gargalos no trabalho do técnico de igreja é a necessidade de formalização da equipe, apresentação de lideranças, principalmente por se tratarem de voluntários, na maioria das vezes. “Se você quer ser ouvido, você tem que assumir a responsabilidade. E, como voluntário, isso é um ato de coragem”, diz. 

Dessa forma, Douglas também ressalta que ser líder não é apenas imputar as regras, mas estabelecer a relevância, o efeito e o resultado do trabalho. “Pesquise sobre a pedaleira do guitarrista da tua igreja. Você, que conhece de áudio, vai dar a dica de como usar o equalizador dela”, Wendell exemplifica.

A relevância do voluntariado

A seriedade da equipe de voluntários também foi uma questão abordada por Daniel, que ainda ressalta que, neste período de pandemia, as pessoas têm sentido a necessidade de trabalhar mais para Deus. 

Wendell, como profissional atualmente contratado da igreja, tem uma autoridade raramente questionada – algo mais frequente para voluntários. Porém, ele percebe em seu histórico profissional que o grande diferencial é querer fazer com capricho, com excelência, e abrir oportunidades para que os talentos se desenvolvam.

Assim sendo, estimular esses talentos e ter pessoas bem treinadas para passar conhecimento para novos voluntários precisa ser, segundo Anderson, um objetivo dentro da igreja.

Anderson ressalta, ainda, que a autoridade do técnico de igreja também vai depender da congregação, visão da igreja e da liderança, além de como o áudio é compreendido em cada equipe.

Relembrando seu professor Paulo Roberto Ferreira, da IATEC, Anderson diz: “o Ministério é da Palavra. A fé vem de ouvir. Quando a igreja não entende que a Palavra não está sendo bem transmitida, o propósito não é cumprido”. 


Leia mais:

Receba nossas dicas e novidades em seu e-mail!

Nerau