10 características para ser um bom técnico de som de igreja

Afinal, como ser um bom técnico de som de igreja?

Toni Miranda é o técnico de som do Padre Marcelo Rossi e o responsável pela parte de áudio do Santuário Mãe de Deus. Em mais de 30 anos de carreira, ele acumulou muita experiência na área, tornando-se uma referência, ainda mais quando o assunto é sonorização de igrejas.

Batemos um papo muito inspirador com ele e conseguimos extrair 10 características que um bom técnico de som precisa ter. Veja como trilhar um caminho de sucesso profissional e apresentar um som da melhor qualidade na igreja.

Foto de Toni Miranda, técnico de som de igreja do Padre Marcelo Rossi
Foto: Arquivo Pessoal Toni Miranda
Guia do técnico de áudio de igreja

1. Foco no que está fazendo

Segundo Toni, a maior dificuldade dos jovens que estão começando a trabalhar com áudio é a questão do foco.

“Pra eles é tudo novidade. O jovem quer estar em turma e isso tira muito o foco deles. Se eles não estiverem muito focados no que estão fazendo, o público não vai conseguir ouvir direito”, afirma.

É óbvio que o foco é muito importante em qualquer trabalho, mas o ensinamento de Toni reforça algo que é especial pra quem vai trabalhar com áudio. Essa atividade vai requerer muitas horas de concentração e estudo em cima de um console, aprendendo como o som se comporta nos diferentes ambientes e situações.

2. Ouvir todo tipo de música

Toni incentiva os jovens que estão aprendendo com ele a escutarem variados estilos musicais. É uma questão de aprender as características que cada estilo carrega, as diferentes sonoridades, os aspectos que os compõem. Isso é essencial para um técnico ou operador de som experiente: saber como executar o melhor som, seja qual for a música ou banda.

“Eles gostavam de somente um estilo de música. Eu fiz um trabalho para eles ouvirem todos os estilos. O Padre Marcelo é eclético, toca rock, às vezes samba, às vezes baladinha. Aqui toca de tudo, os ritmos são variados, então, eles precisam ouvir outros ritmos para poder extrair o melhor dos instrumentos. Eles têm que saber que em determinada música é a guitarra quem fala mais, em outra é violão, ou a bateria, às vezes, tem que mudar um pouco os timbres”, completa.

3. Investir na qualificação profissional

“Se a pessoa quer trabalhar no nível de um técnico de som, não vai conseguir sem formação em eletrônica”, diz Toni Miranda.

Ele estudou ajustagem mecânica e tecnologia em eletrônica ainda jovem, algo que foi muito importante na vida dele e no seu contato com o universo do áudio. Para trilhar um caminho até se tornar um técnico de som experiente, como ele é hoje, o curso foi essencial. Vale a pena conferir essa entrevista aqui no blog, em que ele conta um pouco de sua trajetória. 

A formação técnica foi muito importante pra carreira e para formar o conhecimento que ele tem hoje, também deixando claro que outros caminhos são possíveis.

“Se a pessoa for trabalhar em nível de operação, ajudar na montagem e desmontagem, essa pessoa tem que ter uma boa formação sobre o funcionamento dos ajustes da mesa, por exemplo. Nesse sentido, muita gente tem um trabalho fantástico, tem muito operador bom no Brasil, as locadoras têm um trabalho bom de suporte. Claro, pode ser um caminho mais demorado, vai depender de a pessoa ter uma certa vivência, um tempo de estrada. Pode, inclusive, trocar de equipamento, que isso não vai ser problema”.

Mas, sobre esse ponto, ele conclui:

“A parte técnica, para fazer determinados consertos, manutenção, tem que ter formação, alguns trabalhos exigem isso. Algum arranjo que precise ser feito, que precise estar atento à impedância, à potência, por exemplo, isso independentemente do sistema que se tem. Para esse tipo de trabalho, precisa fazer algum curso na área. É super importante o estudo. Para poder ser chamado de técnico, tem que ter o curso, senão, é um operador, um montador.”

4. Focar no estudo permanente

“A pessoa tem que aprender sempre, nunca falar que já sabe de tudo, pois vai estar errado. Eu tenho 32 anos na área e não sei tudo, eu reconheço e tenho muito o que aprender ainda. Essa área é extremamente vasta, cada dia você encontra uma coisa nova, mesmo lidando todo dia com isso. Tem coisas que tem que aprender, correr atrás”, diz Toni.

5. Aprender com os mais experientes

Além da formação técnica, profissional, o Toni fez questão de dizer o quanto o aprendizado por conta própria é essencial, principalmente com os que estão no ramo a mais tempo.

“Vá atrás de seminários, grude no técnico mais antigo e aprenda com ele, aproveite as ferramentas que tem à disposição. Eu digo para os jovens que trabalham aqui, que eles têm a mim pra ajudar, que podem tirar dúvidas comigo, perguntar sempre que não souberem algo. Se eu não souber, eu vou correr atrás pra ajudar e nós vamos estudar juntos”, conta.

6. Testar sempre

Outro ponto importante do processo de aprendizado é colocar em prática aquilo que se estuda. Para isso, são necessários testes.

“Eu digo pra eles não terem medo de errar, tem que testar sempre. Se falarem para você que tal coisa funciona, primeiro tem que ver se tem fundamento técnico. Caso tenha, vai lá e testa, faz e vê o que acontece. Não vai fazer durante o culto ou a apresentação, é óbvio, mas faz antes, chega mais cedo e faz um teste. Aqui no Santuário, muita coisa que a gente foi aprendendo eu fui atrás e me reciclei. Hoje, eu posso dizer que sou muito melhor do que eu era um mês atrás, toda semana eu estou estudando e testando coisas novas”, conta Toni.

7. Se colocar no lugar do público

“Nós temos um estúdio, aqui no Santuário, só para transmissão. Quando estamos online, eu entro nos links e ouço. Se eu não estou gostando, eu vou até o estúdio e converso com os operadores sobre o que está acontecendo, para que seja corrigido”, afirma Toni.

É necessário monitorar o resultado, o som que o público está recebendo. Um dos principais atributos de um bom operador de áudio é saber controlar e interferir no som, pensar na qualidade do que está sendo apresentado. Precisa ter a preocupação com o resultado final, ou seja, pensar no público.

8. Saber ouvir a audiência

“Se alguém está reclamando de algo, tem que ir ver se realmente está acontecendo aquilo. Às vezes, pode ser uma má impressão, ou pode nem ser algo relacionado à parte da operação, pode ser a caixa de som, o fone, por exemplo. Mas vai atrás, tenta descobrir o que é. Não pode ficar bravo ou chateado, não leve nunca para o pessoal. A gente tem que procurar sempre receber bem a crítica, se levar pro pessoal já impede o crescimento – tanto o profissional, como o espiritual. Toda crítica que você leva para o pessoal já impõe uma barreira. Quando isso acontece, ali fica estabelecido um limite no nosso conhecimento e no profissionalismo. Quando não levamos para o pessoal, ficamos abertos a ir atrás, corrigir, aprender, melhorar”, pondera Toni.

9. Foco na evangelização

“O Padre aqui toca de tudo, mas sempre para evangelizar. A gente sempre busca fazer o melhor, mas nunca se esquece de que o que estamos fazendo é, primeiro, para Deus. Para Deus, sempre o melhor. Segundo, para quem está servindo a Deus: os músicos, o Padre ou Pastor. Temos que servi-los bem, para que eles possam fazer o melhor para Deus.

Qualquer picuinha que a gente possa ter, vai refletir lá no povo, que está nos ouvindo. O povo não merece isso. Se eu tenho alguma coisa com um músico, eu não vou conseguir dar o melhor pra ele, e ele não vai fazer o seu melhor também, isso vai dar um resultado ruim para o povo. O músico não vai conseguir cantar, o leitor não vai fazer uma boa leitura, a palavra não vai ser bem transmitida, não será uma boa pregação. Por isso, o foco tem que ser no objetivo, na evangelização”, avisa Toni Miranda.

10. Ser apaixonado pelo trabalho

“Se a pessoa quer entrar na área, primeiro ela tem que gostar, porque exige muito da pessoa. Aqui [no Santuário], por exemplo, a gente viaja muito, fica longe da família, é cansativo. Mas, para mim, é uma área apaixonante”.

Além de ter paixão pelo que faz, Toni vê o seu trabalho com uma missão, isso o impulsiona:

“Aqui no Santuário, tem uma área coberta e outra descoberta no fundo. Às vezes, o Padre usa o microfone para chamar o povo que está lá atrás pra cantar, e pergunta se está todo mundo ouvindo. Se o povo canta junto, no ritmo, eu já sei que o som está chegando lá perfeito, todo mundo ouvindo. Às vezes, ele faz essas perguntas, o povo canta com ele e vai todo mundo junto. Isso para mim é tudo, é o que me move, saber que todos estão ouvindo perfeitamente, que o melhor som possível está sendo apresentado. Quando o Padre vai fazer um determinado momento de oração, eu olho para a expressão das pessoas. A fé vem do ouvir, a nossa função como técnico ou operador de som é hiper importante. Se eles não ouvirem direito, se estiver incomodando ou muito baixo, fica prejudicado esse momento com Deus”, encerra Toni.


Fica clara a paixão pela profissão, mas o que vem antes: o chamado para a missão, ou a aptidão profissional? Para muitos, a história se mistura.

Toni é um desses casos, uma questão de dom, esforço e fé.


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Nerau