Semana da Igreja ao Vivo: culto online com banda

Devido ao isolamento social causado pela pandemia de coronavírus, muitas igrejas passaram a adotar a transmissão do culto ao vivo, modalidade que tem crescido cada vez mais, afinal, esta solução utiliza a tecnologia para facilitar a comunicação com os fiéis sem colocá-los em risco.

Estima-se que 50% das igrejas estão realizando seus transmissões ao vivo de seus cultos, porém, metade vem tendo problemas durante as transmissões. Com o objetivo de auxiliar os técnicos das igrejas, o Mundo da Música criou a Semana da Igreja ao Vivo, um evento que conta com diversos especialistas na área para debater os desafios e dar dicas de como enfrentar os problemas e colocar o culto no ar!

Nesta segunda live do evento, o tema foi: “Culto online, ao vivo e com banda: cuidados, equipe e equipamentos”. Os convidados foram:

  • Humberto Dantas: produtor fonográfico e consultor técnico de áudio, há mais de 10 anos no mercado fonográfico e responsável técnico de áudio pelo The Send Brasil e The Send Online, além disso, atuante na Zion Church;
  • Wendell Barros: técnico e consultor de áudio, atuou como músico profissional e produtor musical por mais de 20 anos e atualmente opera na Primeira Igreja Batista em Santa Mônica (Vila Velha – ES).

Ambos contaram suas experiências durante o trabalho com as igrejas, mostrando na prática como é realizar uma transmissão ao vivo, quais problemas poderão surgir e qual é a melhor maneira de resolvê-los. Confira!

“Problemas vão acontecer!”

Nada poderia ser mais figurativo para ilustrar a fala de Humberto Dantas quanto os primeiros minutos da live. Carlos Pinto iniciou a apresentação da live e foi bravamente interrompido por problemas técnicos no áudio.

Para quem está de fora do mercado do áudio ou nunca tentou fazer uma live, pode até ser uma ironia. Afinal, trata-se de uma transmissão que fala justamente sobre os cuidados e equipamentos necessários para que as igrejas possam realizar um culto de maneira mais fácil e sem muitos problemas. Porém, não importa quanto se teste ou se prepare, garantimos que isso é bem comum. É vida real! É ao vivo!

Humberto chegou brincando: “já temos um case pra solucionar aqui. Tivemos problemas, e quem é que não tem problemas? Qual é a igreja que não tem problema? Qual é a transmissão que você viu aí que rodou lisinha?”.  Falhas são comuns nesse tipo de apresentação.

Guia do técnico de áudio de igreja

“O melhor equipamento é aquele que você tem”

Humberto Dantas contou um pouco mais sobre sua carreira como técnico de som na Zion Church, alegando ser muito orgulhoso de seu trabalho lá. Embora a estrutura não seja gigantesca e nem cara, é de extrema satisfação para o produtor conseguir trabalhar bem com os equipamentos que a igreja possui. 

Por isso, Dantas alertou que a preocupação exagerada por equipamentos potentes e, muitas vezes, mais caros pode gerar um déficit no investimento operacional, que é, de fato, a parte mais importante. 

As igrejas muitas vezes contam com o auxílio de voluntários. Dantas afirma que seria bacana sempre pensar na capacitação do voluntariado: “o equipamento vai dar problema, e em todo culto a gente tem uma novidade, é tecnologia”.

Os problemas com as transmissões ao vivo são inúmeros. Não importa o tempo que seja gasto na produção, pode ser 4 ou 5 meses de preparação, e na hora, a transmissão dar problema. 

Muitas vezes, pode ser problema com upload, com as conversões das plataformas de streaming (Facebook, Instagram, YouTube), com a forma como a pessoa ouve o áudio, etc. 

Humberto esclarece que o áudio e a imagem são coisas muito subjetivas. “Se a gente tem uma imagem verde na câmera, todo mundo consegue ver que é verde. No som não é bem assim, cada um ouve de um jeito”, afirma.

“Os perrengues são muitos!”

São as palavras disparadas por Wendell Barros ao responder sobre seu ponto de vista e concordar com Humberto. “Eu acho que o principal ponto é capacitar”, afirma. Além disso, Wendell diz que, independentemente da capacitação, os perrengues sempre aparecem. 

O convidado afirma que a capacitação é importante, pois, quanto maior o conhecimento, mais fáceis serão as chances de solucionar o problema. Wendell também relata que estamos vivendo um momento novo – devido ao crescimento das transmissões ao vivo – e que, neste cenário de inovações, quanto mais rápido as questões forem selecionadas, melhor. 

Wendell conta um pouco sobre como a sua experiência fez diferença e trouxe o aprendizado adequado para operar na Primeira Igreja Batista Santa Mônica. O técnico de áudio, chegou a atuar em um trio elétrico e passou e teve que aprender muita coisa na prática. “Tive casos em que falavam: ‘aqui é grave, médio e agudo, agora se vira’”, relembra.

Além disso, Wendell conta que foi fruto de um treinamento de quando se firmou na igreja, e que isso foi um ponto positivo para sua carreira até se tornar o técnico responsável pela Igreja em Vila Velha.

“A tecnologia entrou de vez na vida da igreja”

Quando Wendell chegou na igreja, os equipamentos de som eram básicos, a instrumentação era composta apenas por uma mesa analógica e duas caixas de alta. 

Com o tempo, eles foram aprimorando, fazendo projetos, fazendo cursos e, hoje, a igreja já pode colher os frutos. Mas vale ressaltar que o conhecimento não para apenas no áudio. Hoje, já é necessário profissionais para áudio, vídeo, internet e iluminação. 

Como muitas igrejas contam com voluntários, Wendell volta a afirmar que a capacitação é importante e alerta que, após a pandemia, a tendência é que esse movimento online se torne ainda mais forte. 

Como fica a relação do culto com as bandas, já que o YouTube restringe as músicas devido aos direitos autorais?

Humberto declara que as restrições do YouTube, muitas vezes, dependem do número de seguidores que a igreja tem. Em casos em que há muitos seguidores e não há avisos afirmando que a transmissão não receberá monetização, é possível que o vídeo seja bloqueado. 

Porém, o convidado afirma que, em muitos casos, é possível transmitir ao vivo, retirar do ar e fazer o corte da música, exibindo apenas a parte do culto. 

Quando questionado em sua relação com a Zion Church, ele afirma que, para evitar os bloqueios, usam apenas músicas autorais. 

Já Wendell afirma que “essa questão do direito autoral, para nós, ainda é uma caixa preta”, porque ainda não há uma normatização definida para esse mundo da internet. 

Ambos discutem sobre a burocracia que é conseguir os direitos da música exibida no culto e que não vale a pena passar por isso durante todas as apresentações. E concluem que, de fato, a melhor maneira acaba sendo a exibição de conteúdo autoral. 

Desafios de uma transmissão muito grande

Humberto conta que existem milhares de formatos que podem ser explorados na hora de realizar uma transmissão de culto online. Conforme o evento for crescendo, é normal precisar de mais câmeras, de mais iluminação e de mais áudio.

Com base nisso, é necessário que cada culto seja realizado de acordo com o seu porte e utilizando os equipamentos necessários para sua atuação, o que pode variar de culto para culto, podendo, muitas vezes, até aumentar o investimento.

Assim, Huberto finaliza contando um pouco mais sobre os equipamentos que são usados durante sua atuação dentro da Zion Church. Lá, nem todos os cultos são iguais. Alguns exigem mais iluminação, alguns pedem mais desfoque de câmera, e tudo isso deve ser adequado. 

Wendell pontua que, quando a igreja vai começar, ela vai crescendo aos poucos, porém, é necessário que ela tenha um foco e saiba onde quer chegar. Mas afirma que é importante conhecer a conversão das mídias e fazer elas trabalharem juntas, independentemente do tamanho da igreja. 

É importante se capacitar!

Fazer cursos e capacitar os funcionários ou voluntários é muito importante para manter o trabalho equilibrado e fazer com que as transmissões funcionem da melhor forma possível. Além disso, um profissional experiente consegue solucionar eventuais problemas de maneira mais rápida e eficiente. 

É importante saber que existem vários fatores que podem ser considerados um problema na transmissão, eles são inevitáveis, mas que solucionar a questão é um dos pontos importantes para um bom profissional.  

Para Wendell, “é importante conhecer os fundamentos, saber das coisas”, e que o ideal é começar a adquirir o conhecimento técnico sem pular etapas. Nas igrejas, é muito comum a pessoa que cuida do áudio ser colocada lá, sem conhecimento algum em música ou áudio em geral. 

Para Humberto, é muito mais fácil capacitar pessoas mais jovens e pessoas que teê afinidade com a música. E afirma que é muito importante a pessoa se interessar em buscar e pesquisar sobre informações na internet como um ponto de partida. 

Entretanto, as igrejas podem elaborar oficinas de capacitação para engajar as pessoas a conhecerem essa função. Com isso, um pode passar a ensinar o outro e todo mundo fica capacitado para liderar os equipamentos de áudio e vídeo. 

Além disso, Humberto endossa a importância de buscar conhecimento para se destacar no mercado. Estudar, correr atrás de informações e ver o que pode ser melhorado. 

Wendell relembra a necessidade de conhecer o funcionamento dos equipamentos, de ler os manuais e conversar com outros profissionais para saber como a qualidade da transmissão está chegando e o que pode ser melhorado.

Vale lembrar que a Semana da Igreja ao Vivo continua com a live “Desmistificando o OBS + Dicas práticas”, e vamos contar com a presença de José Medina e Hugo Herzog, a partir das 20h, no Facebook e YouTube. Então acesse as redes sociais para ficar atualizado!

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Nerau