O legado de Ray Charles: 90 anos de inspiração, inovação e história

Ray Charles é um nome conhecido para muitas pessoas que se interessam pelo mundo da música, inegavelmente. Nascido em 23 de setembro de 1930, em Albany, nos Estados Unidos, Ray Charles Robinson foi um pianista norte-americano, cantor e pioneiro da música soul, blue jazz. Foi uma peça importante na definição do estilo musical por volta da década de 1950. Além disso, também introduziu o ritmo gospel no estilo musical R&B, tornando-se um intérprete inovador. 

Ao entrar no mundo do entretenimento, seu nome artístico se tornou Ray Charles, para que não fosse confundido com o famoso boxeador Sugar Ray Robinson. No entanto, fica difícil confundir a genialidade do cantor: Ray Charles é considerado até hoje pela revista Rolling Stone o 2º maior cantor de todos os tempos e 10º maior artista da música de todos os tempos. Sem dúvidas, Charles é uma influência importante para músicas de todas as décadas que vieram depois.

O início da vida de Ray Charles 

A vida de Ray Charles começou de maneira simples e humilde. Com pouco dinheiro, a mãe do cantor lavava roupas para completar a renda. Além disso, Charles perdeu seu irmão de 4 anos após um acidente em uma banheira que o levou a um afogamento. Aos 6 anos, Ray Charles perdeu sua visão por completo, sem saber ao certo qual teria sido a causa exata. Suspeita-se de que um glaucoma teria o acometido.

Mais velho, frequentou a Escola Para Cegos e Surdos de St. Augustine, na Flórida. Foi nesse momento que o músico aprendeu a tocar diferentes instrumentos, incluindo o piano. Eventualmente, passou a ler e escrever músicas em Braille. 

Ainda na escola, Ray Charles perdeu a sua mãe pouco depois de completar 15 anos de idade. Então, o músico decidiu se mudar para Jacksonville e iniciou a sua carreira na música. Influenciado por seu ídolo Nat King Cole, em 1948 fundou o grupo “McSon Trio”, também conhecido por “Maxim Trio”. As tentativas não acabaram por aí: em 1950, Charles se associou ao Lowll Fulson, cantor e guitarrista de blues, com quem realizou turnês pelo país. Depois, participou também das bandas de blues T-Bone Walker e Joe Torner, que foram grandes representantes do gênero. 

Do sucesso à morte

Seu reconhecimento se deu no ano de 1952, após assinar contrato com a gravadora Atlantic Records e gravar a canção “I Got a Woman”. A música, que alcançou grande sucesso, foi posteriormente gravada por Elvis Presley. Abrindo caminho para outros sucessos da soul music dos anos 60, gravou também “Talkin About You”, “What I’d Say”, “Little Girl Of Mine”, “Hit The Road Jack”, entre outros. 

Em 1961, Charles introduziu o piano elétrico e as bandas de R&B ao gravar o sucesso “Hallelujah, I Love Her So”, que foi uma outra grande contribuição do cantor para o gênero. Ainda na década de 1960, Ray Charles gravou outros sucessos como “Georgia On My Mind”, “You Don’t Know Me”, “Unchain My Heart”, “I Can’t Stop Loving You” e “Crying Time”.

Sem dúvidas, Ray Charles recriou um gênero musical e trouxe grandes contribuições para o mundo musical, sendo, sobretudo, uma grande influência para muitos músicos até hoje. Dono de uma voz inigualável, estava sempre à frente de um teclado ou piano.

Em 2003, realizou uma cirurgia de substituição do quadril que foi bem-sucedida, o que fez o cantor se planejar para voltar imediatamente aos trabalhos. No entanto, em 2004 Ray Charles faleceu em sua casa em Beverly Hills, Califórnia, de doença hepática aguda. O seu funeral ocorreu na Primeira Igreja Metodista Episcopal de Los Angeles, com a presença de artistas como B.B King, Stevie Wonder e Glen Campbell, que chegaram a performar em homenagem ao cantor. 

O legado de Ray Charles

O seu último álbum lançado em vida foi intitulado “Ray Charles Sings For America” (2002), que estreou um ano depois do atentado contra as Torres Gêmeas, em Nova York. O álbum veio com duas canções inéditas: “Ray Reflects On America” e “God Bless America Again”. 

No entanto, um álbum póstumo foi lançado dois meses após sua morte, chamado de “Genius Loves Company”. Grandes nomes da música participaram da homenagem, como Elton John, Norah Jones, Van Morrison, James Taylor e outros. Foi um sucesso de vendas: o álbum recebeu oito Prêmios Grammy, incluindo “Melhor Álbum Pop”, “Álbum do Ano”, “Gravação do Ano” e “Melhor Colaboração de Pop com Vocais”. Na vida, ganhou 12 Prêmios Grammy, incluindo o de melhor gravação de R&B por três anos consecutivos, com “Hit The Road Jack”, “I Can’t Stop Loving You” e “Busted”. 

Quanto à sua vida pessoal, Ray Charles casou-se duas vezes. A primeira, em 1951, com Eileen Williams, com quem teve um filho e um casamento que durou apenas um ano. A segunda, em 1955, com Della Beatrice Howard, com quem teve três filhos e um divórcio que veio 22 anos mais tarde. Ray foi pai de outros oito filhos com diferentes mulheres. Antes de falecer, em 2004, o cantor deu a cada um de seus filhos 1 milhão de dólares.

Em uma de suas sete passagens pelo Brasil, atraiu um público recorde de 150 mil pessoas para um espetáculo gratuito no Parque Ibirapuera, em São Paulo. Ray Charles inegavelmente teve uma grande importância para o cenário musical. Com o aperfeiçoamento do gênero R&B e responsável por sua popularização e criação do soul, Charles inspira desde músicos iniciantes até os mais renomados. Já tentamos pensar em como seria um mundo sem música, mas um mundo sem Ray Charles é quase impossível de se imaginar!


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