Diversos problemas acústicos com microfonação podem surgir durante seu trabalho, afinal de contas, a acústica de um local interfere diretamente no uso dos microfones.

Por isso, entender um pouco sobre a acústica e como ela influencia no som é fundamental para executar um bom trabalho de sonoplastia.

Nas linhas abaixo você aprenderá um pouco mais sobre acústica e como resolver os principais problemas que podem surgir durante um evento ou gravação.

Problemas acústicos com microfones

A acústica do ambiente certamente nos trará problemas quanto ao uso de microfones. Claro, isso quando não tivermos ideia de como a acústica se comporta e no que fazer para minimizar sua influência.

É importante saber que a captação de um microfone funciona da mesma forma que ouvimos um som qualquer.

Sendo assim, o som direto (guarde esse termo) é ouvido com a mesma intensidade ao som refletido (guarde este também) dependendo da posição que estamos dentro do nosso ambiente e também da distância da fonte sonora.

Bom, se não ouviu falar de nenhum destes termos, vamos às definições:

  • Som direto: É o caminho mais curto percorrido entre a fonte sonora e nosso ouvido, ou microfone.
  • Som refletido: Como o próprio nome sugere, é o som que reflete em uma superfície qualquer, chega por outro caminho e ligeiramente depois no nosso ouvido ou microfone. 

Sim, eu sei que a velocidade do som é alta (aproximadamente 340 metros por segundos), mas essa pequena diferença de tempo (o delta t da imagem abaixo) é suficiente para mudar substancialmente o som que chega ao microfone.

Sinal sonoro direto e sinal sonoro refletido
Sinal sonoro direto e sinal sonoro refletido
Atraso do sinal sonoro refletido
Atraso do sinal sonoro refletido

Tenhamos em mente que o som refletido não é um único som, mas a soma de intensidades e tempos de todas as reflexões possíveis em nosso ambiente.

Inicialmente, trataremos só de uma primeira reflexão a título de estudo, mas a vida tende a ser bem mais complexa e cheia de truques.

Guia do técnico de áudio de igreja

Como resolver o problema de reflexão em superfícies

Um microfone em um púlpito é um dos exemplos mais clássicos de problemas por reflexão. 

Quando o microfone do tipo gose neck (pescoço de ganso) ou quando a posição do microfone convencional fica muito próximo a uma superfície reflexiva, temos problemas de interferências devido às reflexões, isso causará cancelamentos de frequências devido a problemas de fase. 

Aprofundaremos o que é uma fase e quais os seus problemas em outra oportunidade, por enquanto vamos nos ater ao tema.

A solução simples para tal problema seria um microfone na mão do orador, isso faz com que a proximidade da fonte sonora (cordas vocais do orador) faça do som direto uma fonte muito mais alta do que qualquer reflexão. Essa simples mudança minimiza os problemas com o som refletido.

Quantos microfones usar?

Resposta direta: o mínimo possível!

Quanto menor o número microfones captando sons indesejáveis em nosso ambiente, melhor – menores os problemas acústicos com microfonação. Logo devemos planejar tudo que deverá ser ouvido e sermos cirúrgicos na escolha do que e quando “microfonar”.

Exageros em um local com acústica descontrolada poderá ser muito prejudicial à qualidade e facilidade de compreensão do que está sendo reproduzido no som.

E quando não tem saída?

Bom, vou te contar uma breve história.

Uma vez, quando eu fazia operação de áudio para uma orquestra, pedi ao maestro que viesse até a frente das caixas acústicas comigo, para que ele ouvisse o som da orquestra e me dissesse o que deveria ser alterado, para que soasse de acordo com suas concepções.

O seu primeiro pedido foi que retirasse o agudo de todas as cordas (violinos, violas, cellos e contrabaixo). Comecei a seguir sua ordem e ele dizia: tire mais, tire mais, tire mais. Retirei quase todo o agudo das cordas e ele disse: agora está bom.

Perguntei a ele o porquê de tanta atenuação nos agudos e ele me respondeu: quero passar aos ouvintes aquilo que eu ouço. Com a posição que o microfone está ele capta muitos muito mais agudos do que eu ouço na posição que fico.

A ideia era bem clara: como tinha um microfone para cada instrumento de corda eles estavam muito próximos dos respectivos instrumentos, essa posição realça de forma demasiada os agudos.

Então, com a soma de todas as cordas era como se o maestro estivesse ouvindo ao lado de cada instrumentista e isso não era natural para ele.

Posicionamento de microfone para prevenir problemas acústicos com microfonação

Trazendo para o nosso mundo, podemos dizer que os mesmos problemas acústicos com microfonação acontecem com um coral.

Se tivermos um coral de trinta pessoas e colocarmos um microfone na mão de cada componente, o som tende a não soar natural, pois seria como se cada componente estivesse cantando ao nosso ouvido.

Entretanto, se colamos um único microfone, arriscamos a não captar a voz dos cantores mais distantes. Então, a solução é usar um microfone, adequando a distância e a área a ser captada, e separar o coral em grupos de cantores ou seus respectivos naipes de vozes.

Conclusão

Antes de pré-conceber uma ideia de microfonação devemos analisar cada situação e se a acústica do ambiente possibilita que nossa ideia seja um sucesso.

Nem demais nem de menos, somente o necessário.


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