A importância da música na Igreja

Neste artigo, você irá conhecer a importância da música na Igreja e como entoar louvores nos fez ir cada vez mais longe.

Não é de hoje que música e igreja andam de mãos dadas. Na verdade, grande parte da evolução humana com relação a esse tipo de arte se deu justamente devido à Igreja em si.

Porém, antes de começarmos, preencha o formulário abaixo para receber dicas, curiosidades e tutoriais incríveis diretamente no seu e-mail!

A música e a Igreja

Desde o século 1,  os monges fechados em seus mosteiros com grandes bibliotecas, tiveram bastante tempo para estudar a música. Ao mesmo tempo, a Igreja sempre teve recursos suficientes para financiar as artes e a cultura, de modo que nas cerimônias religiosas cada vez mais era usada a música.

Todavia, havia uma dificuldade para ensinar música, o que se fazia oralmente e muitas vezes aconteciam erros no ensino, que resultavam em desafinações, bem como outros problemas.

A importância da música na Igreja e a importância da Igreja na música começam a se confundir aí.

Guia do técnico de áudio de igreja

Um hino originou o nome das notas

Foi então que um monge beneditino, chamado Guido D’Arezzo, resolveu inventar uma maneira de escrever os sons das notas musicais. Na época, havia um hino muito conhecido dedicado a São João Batista, cujo poema se iniciava com sílabas bem diferentes.

Foram essas sílabas que deram origem às notas musicais que hoje conhecemos como DÓ, RÉ, MI, FÁ, SOL, LÁ e SI. 

Este era o hino:

Hino que originou o nome das notas musicais.
UT queant laxis / REsonare fibris / MIra gestorum / FAmuli tuorum / SOLve polluti / LAbii reatum / Sancte Ioannes

Traduzido, o hino significa: “Para que teus grandes servos possam ressoar claramente a maravilha dos teus feitos, limpe nossos lábios impuros, ó São João.

De RÉ até LÁ, as sílabas são as iniciais das palavras em latim do hino, o SI é a junção das duas letras das duas palavras do último verso, enquanto o DÓ tem duas origens em controvérsia.

A primeira é a que o compositor Giovanni Bononcini achou que a sílaba UT era meio difícil de cantar e resolveu trocá-la pela sílaba DO, de Dominus, que significa Senhor em latim. A segunda é a que atribui ao maestro Giovanni Donni a troca do UT pela primeira sílaba do seu próprio sobrenome: Donni.

Altura: propriedade dos sons serem agudos, médios e graves

Controvérsias à parte, o fato é que agora era preciso escrever essas notas para que os estudantes nas igrejas pudessem levar para casa as lições dos monges.

Todos cantavam notas mais graves ou mais agudas, então, Guido separou as notas em três grupos: AGUDO, MÉDIO E GRAVE. 

Grupos de notas agudas, médias e graves

Ele traçava uma linha e a nota que se escrevia em cima da linha era o som MÉDIO, a que se escrevia abaixo da linha era o som GRAVE e a que se escrevia acima da linha era o som AGUDO.

Assim começou a história da grafia musical.

Esquema de grafia musical

Porém, só com 3 notas de 3 alturas diferentes, as músicas ficavam muito confusas, porque – na prática –  já existiam mais do que três notas: As agudas podiam variar entre muito agudas e menos agudas, o mesmo acontecendo com as notas médias e as notas graves. 

Foi então que Guido teve uma ideia interessante…

Instrumentos com mais ou menos notas: a tessitura

Dependendo dos instrumentos, alguns podiam ter uma maior ou menor quantidade de notas possíveis de serem tocadas, a coisa ficava ainda meio confusa.

A quantidade de notas de um instrumento é chamada de TESSITURA. Guido então começou a usar mais de uma linha para dividir as notas graves das médias e das agudas. 

Infográfico sobre tessitura musical
  • a estão as 3 notas que começaram essa história toda;
  • b está uma nota aguda bem mais aguda;
  • c está uma nota grave bem mais grave;
  • d 3 linhas vieram socorrer Guido e seus alunos, ficando a nota mais grave entre as duas linhas de baixo e a nota mais aguda entre as duas linhas de cima.

Assim, podiam escrever 4 notas, correspondentes às 4 notas de uma pequena harpa.

Com o passar dos séculos outros instrumentos foram inventados, sempre com cada vez maior quantidade de notas musicais possíveis de ser tocadas. E, para escrever cada vez mais notas diferentes, foram sendo acrescentadas linhas na grafia musical. 

Durante algum tempo eram usadas apenas 4 linhas, pois escrevendo notas EM CIMA de 4 linhas e nos 3 ESPAÇOS ENTRE as 4 linhas, já havia lugar definido para as 7 notas: DÓ, RÉ, MI, FÁ, SOL, LÁ e SI.

O pentagrama, ou pauta musical

Pauta musical ou pentagrama

Bom, pulando alguns séculos, chegamos até as 5 linhas que são usadas hoje. Por serem cinco, a elas se deu o nome de PENTAGRAMA, o PENTA significa 5, como todos já viram nas Copas do Mundo…

As nossas amigas notas musicais, então, se ajeitaram nas linhas e nos espaços da forma como se vê acima: sempre na ordem alternando entre linhas e espaços. 

A essa ORDEM das notas damos o nome de ESCALA, palavra que vem do italiano SCALA, que se traduz no português para ESCADA. Ou seja, uma escada de notas.

Vamos sempre contar as linhas e os espaços de baixo para cima. Essa seria uma escada ASCENDENTE, ou uma escala ascendente, do grave para o agudo.

Mas também se pode escrever uma escala no sentido contrário, do som mais agudo para o mais grave, que receberia o nome de escada DESCENDENTE, ou escala descendente.

Calendário da história da música

Para entendermos a importância da Igreja na história da música, precisamos dividir em fases tudo o que aconteceu, criando assim os seguintes períodos:

  • Antiguidade remota – até o século 6 antes de Cristo (hebreus, egípcios)
  • Antiguidade clássica – do século 6 a.C. até o século 4 d.C. (gregos, romanos, cristãos primitivos).
  • Idade Média – do séc. 4 ao séc. 15.
  • Renascença – séc. 16 (Lutero, Palestrina).
  • Barroco – séc. 17 e 18 (Bach, Handel, Vivaldi).
  • Classicismo – fim do séc. 18 (Mozart, Haydn).
  • Romantismo – séc. 19 (Mendelssohn, Brahms).
  • Contemporâneo – séc. 20 (Bela Bártok, Stravinsk)

O mito do “diabo na música”

Intervalos musicais

Um evento mundial modificou muito o modo de produzir e relevou ainda mais a importância da música na Igreja – e vice-versa. Foi o Concílio de Trento, no século 16, de 1545 a 1562, motivado pelas Reforma e Contra-Reforma. 

Martinho Lutero foi grande personagem nesse capítulo, que modificou a forma dos cultos e da música. Acabamos de ver a influência do latim na música e Lutero achava que a música cantada deveria ter letras nos idiomas dos vários países, dentre outras ideias.

No artigo seguinte, vamos ver como surgiram os conceitos dos INTERVALOS musicais e como foram criadas “fake news” no Concílio de Trento, ao qual se atribui – erradamente – de ter proibido um destes intervalos, chamando-o de Diabolus in Musica.

Esse intervalo, na verdade, era muito difícil de cantar, e era evitado por um motivo muito mais natural do que muita gente até hoje acha. Mas isso é coisa para um próximo artigo. Até mais!

Leia também:

Receba nossas dicas e novidades em seu e-mail!

Nerau