Como fazer passagem de som em igrejas

A “passagem de som” é o ensaio da banda/grupo junto com o técnico de som, para que possam proporcionar ao público uma apresentação harmoniosa. 

Independentemente do tamanho da igreja ou local, quantidade de pessoas na platéia, de músicos participantes e da experiência do técnico, algumas regras básicas podem organizar o seu trabalho no soundcheck – que é como se chama a passagem de som em inglês.

E é justamente sobre essas regras que iremos falar nas linhas abaixo. Neste artigo, você irá conferir as melhores práticas para tornar o seu trabalho como profissional do som muito mais fácil!

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Conhecer a banda/grupo

Primeiramente, você deve procurar ouvir o setlist (lista das músicas) a ser tocado, se familiarize com o som. Em seguida, faça uma lista de canais que vai usar, levando em conta quantos canais vai dispor, o que depende da mesa a ser usada. Se quiser, também será útil fazer um mapa do palco, para mostrar aos músicos onde estarão microfones, amplificadores e outras localizações.

Memorizar e decorar os nomes dos caras da banda, tomar um café com eles e coisas do tipo faz parte do seu trabalho, não é supérfluo, nem frescura. 

Chegando ao local

Para cumprir o item 1, você deve chegar antes dos músicos à igreja, conhecer os responsáveis pelo espaço e, principalmente, alguém que conheça a mesa, sistema de amplificação e outros equipamentos, mesmo que sejam poucos. Pergunte a essa pessoa se ela já trabalhou como técnico, como se comporta a sala vazia, meio-cheia e lotada.

Detalhes como com quais instrumentos ou em que faixas de frequência ele costuma ter problemas podem ser valiosos na hora de resolver ou evitar algum obstáculo. 

Guia do técnico de áudio de igreja

Arrumando o palco

Dê uma olhada no equipamento e coloque tudo fora do palco antes de começar a montar. Separe o que é da igreja do que você possa precisar levar. Para isso, comece pela chamada “linha de trás”, que são os amplificadores e instrumentos.

Lembre-se de dar atenção especial aos cabos. Nesse caso, o melhor é usar fita crepe com nomes ou de cores diferentes para identificar quem é quem. Estique os cabos em linha reta, isso ajuda na hora em que um problema aparecer, e “ver” o problema é melhor do que somente ouvi-lo. 

Se houver caixas monitoras no palco, estas também deverão ser etiquetadas e, aqui, pode entrar um detalhe simpático da sua parte: faça a etiquetagem com o nome dos músicos. 

Depois de ter cuidado do palco, é hora de seguir os cabos e conectá-los na mesa. Em mesas analógicas, você vai precisar etiquetar os canais correspondentes, enquanto que nas mesas digitais existem mostradores onde se pode digitar os nomes dos canais. Afinal de contas, é também por isso que se chamam mesas digitais… 

Mesa digital e analógica

Nas mesas analógicas você sempre começa do zero, partindo dos ganhos no zero e equalizadores na posição do meio. Identifique os canais a serem usados, onde estão as mandadas (sends) de efeitos e de monitores dos músicos.

Nas mesas digitais, você pode armazenar as “cenas” num pendrive e fazer a mesma configuração em outras mesas ou locais. Já nos mixers digitais pequenos, há várias “camadas”. Portanto, coloque os faders importantes na primeira camada. 

Nas primeiras camadas, é relevante que você coloque os vocais, teclados, guitarras, violões, baixo e as peças principais da bateria (bumbo e caixa). Já os tons da bateria, overheads e backing tracks podem ir para outras camadas que não a principal.

Aqui, um lembrete importante: cuidado com as mesas que têm, por exemplo, os canais de 1 a 8 do lado esquerdo da parte central e os de 9 a 16 do lado direito. Os canais esquerdo e direito de um mesmo teclado podem acabar ficando um de cada lado, o que não é nada prático na hora de trabalhar. 

A checagem inicial na passagem de som

Aqui, a melhor opção é ter um bom fone de ouvido, para você ouvir o que está rolando independentemente do ambiente.

Depois de tudo conectado e rotulado, conecte os fones na mesa e confira canal direito e esquerdo, procurando por possíveis problemas no PA, line-arrays ou dupla de caixas, que serão detectados pelos fones.

Uma tática boa é colocar uma gravação qualquer conectada na mesa e ver como está o balanço entre canais.

O equalizador 

O som da sala vazia é diferente de quando está cheia, e as pessoas vão cobrir as reflexões do chão, melhorando as frequências médias e altas. Por isso, é importante conhecer como se comporta o ambiente vazio ou cheio.

Em ambientes menores, as frequências altas serão absorvidas pela primeira fila, por isso, prefira caixas acima da cabeça das pessoas. A melhor maneira de identificar problemas aqui é andando pelo ambiente e ouvindo uma gravação que você conheça bem, antes de checar a banda. 

Começando a passagem de som

Agora, verifique você mesmo cada microfone e os efeitos que tiver colocado neles, fazendo o mesmo com os direct boxes. Se rolar algo diferente do que tenha configurado, tente trocar o cabos e até os microfones, se necessário.

Cada técnico tem suas manias de checagem. Se você vai trabalhar com uma banda que não conhece, primeiro cheque os microfones, principalmente os que vão ficar sempre abertos, como os de vocal, chimbal e overheads. 

Pode começar, ainda, pela bateria, bumbo, caixa e chimbal. Cheque a fase dos microfones da bateria antes do sinal chegar ao equalizador, bem como os noise gates – deixando seu limite baixo o suficiente para captar todas as batidas. 

Configure os overheads, mas, se o ambiente for pequeno, os microfones de vocais vão funcionar como eles. Então, termine pedindo ao baterista para tocar uma levada nos tons, e depois usando todas as peças da bateria. 

Mãos à obra 

Peça a cada músico que toque o som mais alto e o mais baixo que puder, para você ter uma ideia dos limites entre os quais vai rolar o som.

Depois disso, peça à banda para tocar uma música inteira, sem que se entusiasmem muito no volume.

Agora, é só prestar atenção e ver se está tudo “ok”. O que estiver fora do desejado, basta retornar e ajustar até que fique agradável aos ouvidos.

5 perguntas e respostas que valem uma mix

Fizemos uma checklist com itens a prestar atenção durante a passagem de som.

  1. O baixo combina com o som do bumbo? Essa é a base da mix e difícil de acertar. 
  2. O som da guitarra vem direto ou de um microfone na frente do amp? Mude a posição do microfone, filtros passa-altas ou o volume do instrumento. 
  3. O guitarrista é discreto e você vai precisar aumentar seu volume? Esse aumento vai afetar o som da bateria, aumente só um pouco o amp da guitarra. 
  4. O que rola na passagem é o que vai rolar no show? Não, passe o som entre 50 e 70% do que vai ser o show. 
  5. E se vier outra banda? Bem, se for tocar outra banda, anote as configurações da mesa (pode fotografar com o celular) se ela for analógica, ou salve nas digitais.

Uma fita na parte de cima da mesa com os ganhos e fases pode ser o suficiente para você não cometer um erro perceptível por músicos e platéia juntos.

Desconecte e rotule os cabos, retire os equipamentos da linha de trás e só deixe subir a próxima banda quando o palco estiver do jeito que começou a passagem.

Conclusão

Fazer a passagem de som é uma tarefa que exige bastante concentração, e qualquer erro nesse momento pode causar um grande problema quando a platéia estiver presente.

Portanto, lembre-se de revisar cada ponto que citamos acima. Todos eles são muito importantes para que a execução do som seja perfeita.

E, claro, não deixe de comentar neste post com suas dúvidas, bem como enviá-lo para seus amigos, colegas e, até mesmo, a banda da Igreja. Quanto mais pessoas souberem como fazer a passagem de som da maneira correta, mais fácil será o seu trabalho!

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Nerau