Mixagem para monitoração de palco em igrejas

Uma apresentação precisa ser ouvida pela igreja, enquanto os músicos que se apresentam precisam ouvir a si mesmos e os outros músicos. Para que isso aconteça é que existe a monitoração de palco.

Quando mixamos somente para a platéia (FOH – front of house), o problema que pode surgir é que os músicos não ouvem o som que vai para a platéia. Então, vamos tentar melhorar essa situação delicada.

Afinal de contas, existem quatro pontos problemáticos na monitoração de palco feita pelos próprios músicos:

  1. Os músicos teriam algo mais a fazer do que tocar suas partes no palco.
  2. A maioria deles não tem experiência de áudio para se monitorarem sozinhos.
  3. Os iniciantes na mix de palco tendem a aumentar tudo que pareça silencioso demais.
  4. Mix de palco deve gerenciar as confusões de sons que acontecem no palco.

Porém, nas linhas abaixo você irá entender como mixar para a monitoração de palcos da melhor maneira possível. Assim, você evita problemas com o som e sobrecarga nos músicos.

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Os monitores

Foto de um monitor de áudio (caixa de som) para palco.

Monitores de palco não precisam de ter graves muito bons, mas devem ser suficientemente nítidos para serem ouvidos pelos músicos.

Entretanto, note que as baixas frequências tendem a se espalhar pelo palco da igreja formando uma massa inconveniente. Na busca por essa nitidez sempre existirá a tentação de cortar frequências médio-altas e altas, mas não faça isso.

A solução inicial começa pela escolha das caixas de monitoração de boa qualidade, pela colocação de algum reverb para os cantores e a compactação de canais.

Todavia, lembre-se que essa compactação precisaria ser de canal por canal, o que pode complicar a mix de monitoração para o técnico, na busca de oferecer o melhor para os músicos.

As caixas para monitor devem ter a forma tradicional da frente inclinada para cima, com falantes, drivers e tweeters dispostos na horizontal. Em alguns casos, você pode colocá-los “de pé”, com um dos lados para baixo, dependendo da distância que vai ficar do músico que está sendo monitorado.

Guia do técnico de áudio de igreja

Monitores passivos e ativos

Os monitores podem ser ativos (com amplificação própria), ou passivos (que precisam de amplificador separado).

Se optar pelos passivos, saiba que eles são alimentados por um único amplificador e um crossover interno separa as frequências. Já os ativos não usam crossover interno e são alimentados por seus próprios amplificadores. Um crossover ativo deve ser usado no sinal de áudio antes da amplificação, caso o monitor não tenha amplificação interna.

Atualmente, existem pares de monitores estéreo (L e R) e alguns músicos podem necessitar desse recurso, como o cantor principal ou aqueles tecladistas que trabalham com timbres estéreos.

Otimizando o espaço para monitoração de palco

Foto de um palco de igreja com três monitores de áudio voltados dentro (onde a banda fica).

Outro cuidado básico deve ser com o direcionamento dos monitores, sempre procurando colocá-los o mais próximo possível dos músicos.

Uma banda com 5 integrantes e 5 monitores no palco, colocados a distâncias muito grandes, pode gerar uma encrenca formidável – principalmente nos palcos de pequenas igrejas.

A potência a ser usada nos monitores de palco pode ser algo em torno de 100 watts RMS, e alguns possuem conexão loop-through, permitindo a ligação de duas caixas, mas seus amplificadores não precisam ter potências maiores para isso.

Entretanto, sempre vale a regra de que o melhor é não precisar usar os amplificadores na sua potência máxima.

Passagem da mix de monitor

Imagem com diversos monitores de áudio (caixas de som). Cada um possui uma legenda indicando para qual instrumento é indicado.

Na passagem de som, precisam ser definidas as situações que podem criar problemas na monitoração de palco, logo, devem ser escolhidas músicas que usem todos os integrantes e, em caso de participações especiais, serem lembradas suas necessidades.

Geralmente, três músicas são o suficiente para o técnico de monitor checar o equipamento.

Em igrejas grandes pode acontecer de precisarem conviver um técnico de monitor e um de PA (FOH). Um problema muito comum é estar tudo bem nas duas técnicas durante a passagem de som e na hora do louvor surgirem os problemas. 

Nesse momento, com certeza, os dois técnicos vão jurar por todos os juros que fizeram tudo igual. Mais uma vez entra aqui o fato da passagem ser feita com a igreja vazia e a apresentação com a platéia cheia.

Na sala vazia, há muita reflexão voltando para o palco e os músicos terão configurado seu retorno baseados no sistema de monitoração mais o vazamento do FOH. Na apresentação o vazamento é diferente, geralmente menor.

A solução é, na passagem de som, passar pelo menos uma música com o sistema FOH desligado ou com 20dB a menos.

Há que se levar em consideração também o tamanho do ambiente para esse truque dar certo. Quanto menor e mais reflexiva for a sala, mais importante será passar uma música sem o FOH ou atenuado em 20dB ou menos.

As mesas de PA e Monitor

fluxograma exemplificando o funcionamento de uma mesa para PA e monitoramento de áudio

As mesas de PA mais modernas e com mais recursos podem servir para a mix de monitoração, usando os controles de envio auxiliares pré-fade, isto é, o sinal vem de um ponto antes do fader.

Assim, é possível criar uma mix diferente e independente para a monitoração de palco, dependendo ainda dos buses disponíveis. Por isso, podem aparecer motivos, dependendo da mesa de FOH, para a mix de palco ser feita por uma mesa separada. São eles:

  1. A mesa FOH ter um pequeno número de mandadas pré-fader.
  2. O multicabo estar todo usado pelos sinais de entradas e saídas.
  3. Falta de comunicação entre o técnico de FOH e o de monitor.

No caso de ser usada uma mesa exclusiva para monitorar, ela e seu técnico devem ficar ao lado do palco, facilitando a comunicação com a banda.

Para monitorar, pode ser usada a função solo das saídas auxiliares, usando fones com isolamento de uns 30 dB, para que o sinal do monitor não se confunda com o som dos monitores no palco.

A mix em si

A diferença entre o mix básico de monitores e o mix de FOH é que o mix de monitores precisa ser eficaz. Não precisa ser uma mistura maravilhosamente musical, mas deve:

  1. Permitir que os músicos toquem bem juntos, ritmicamente.
  2. Situar os músicos no contexto da música em execução.
  3. Permitir que os cantores se “encaixem” nas canções, ouvindo a si mesmos e os instrumentos de harmonia que os acompanham.
  4. Permitir que os instrumentos de cordas toquem afinados, para o que precisam ouvir a si mesmos e não só todos os instrumentos de cordas juntos (exemplo: guitarras, violões e baixo).
  5. Manter o baterista no tempo de backing tracks ou click tracks.

Há, também, requisitos artísticos:

  1. Os membros da banda devem sentir que estão tendo um bom desempenho.
  2. O som geral de todos deve ser bom para todos no palco.
  3. Se acontecer algum problema de vazamento nas filas de frente da igreja, que isso não afete a banda.

A microfonia

demonstração visual da microfonia: um ciclo com um alto falante emitindo o som para o microfone, que transmite para o mixer, que transmite para o amplificador, que transmite para o alto falante e que, novamente, emite para o microfone.

A microfonia ou feedback é causada pelo som de uma caixa que entra no microfone e é amplificado novamente para a caixa. Se houver algum ganho nesse circuito, esse “uivo do lobo” será ouvido por todos.

O problema do monitoramento é que os alto-falantes estão muito mais próximos dos microfones do que os alto-falantes do FOH. 

Portanto, o técnico de FOH não tem muito tempo para combater o feedback e ele é fatal para o técnico de monitores. Por outro lado, se o técnico de monitores permitir que ocorra feedback, o técnico da FOH vai ficar em apuros, porque o público e o promotor acharão que ele errou.

As dicas para evitar a microfonia são as seguintes:

  1. Coloque o microfone o mais próximo possível da fonte de som.
  2. Se a fonte estiver com volume alto, isso ajuda.
  3. Posicione as caixas o mais longe possível dos microfones.
  4. Mantenha o volume da caixa o mais baixo possível na situação.
  5. Corte frequências que estejam mais prejudicadas.

Conclusão

Mixar para a monitoração de palco é fundamental para que a banda se saia bem durante o louvor e você consiga evitar problemas na mixagem para o público (FOH).

Seguir todas as dicas que citamos acima irá fazer com que o seu trabalho como técnico de monitores seja muito mais fácil e tudo ocorra como planejado quando os fiéis estiverem presentes. Portanto, lembre-se sempre de revisar esse conteúdo para lembrar do que fazer e como fazer para que tudo ocorra bem.

E, claro, se você ficar com alguma dúvida ou quiser adicionar alguma dica a este conteúdo não perca tempo e comente agora mesmo. O Mundo da Música é uma comunidade e queremos ouvir o que você tem a dizer!

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Como fazer passagem de som em igrejas

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Nerau