Falar de cabo de áudio é um assunto muito extenso que requer grande conhecimento técnico e de eletrônica. Ou seja, pode ser demorado absorver todos os detalhes físicos importantes de um condutot. Como a função do Mundo da Música é ajudar você (e não confundir) na escolha mais adequada do seu produto, primeiramente vamos nos ater a casos bem específicos: os cabos de conexão de toda a linha do áudio nos sistemas.

Do microfone ao alto-falante, vamos entender os motivos de diferença de preço e a distinção de suas funções. Para isso, momentaneamente, deixaremos de lado cabos de alimentação de energia (o famoso cabo de AC), cabos MIDI, cabos de rede para conexão digital entre equipamentos e todos os outros fora da trilha descrita acima. Certamente, teremos materiais específicos para cada um deles no futuro.

Não podemos começar este texto sem uma distinção técnica: é fio ou cabo? Tecnicamente, fio é um condutor isolado com somente um condutor metálico. Cabo será um condutor isolado com vários condutores metálicos formando uma malha. Suas capacidades são idênticas no assunto condução, sua diferença mais significativa está em função de sua flexibilidade. Então, lidaremos neste texto com cabos de áudio analógicos.

O que é um cabo de áudio?

O cabo de áudio é um equipamento muito importante em todo o sistema de som. Cabe a ele o processo de comunicação entre todos equipamentos do sistema, desde a saída do microfone até a chegada ao alto-falante, no caso de sistemas de som ao vivo.

No estúdio de gravação, ele será a garantia da chegada do som puro do instrumento, sem qualquer indução de ruído ou estalinhos – o que prejudicará muito a qualidade do trabalho.

Cabo de áudio de 3 condutores
Cabo de áudio de 3 condutores

Um cabo comum é composto por um condutor, um isolante e sua capa de proteção. Porém, como estamos falando de um sistema de áudio, no mínimo precisará de dois condutores por cada sinal a ser conduzido. Numa variação que falaremos mais à frente, teremos três condutores para cada sinal de áudio.

Intensidade de sinais de áudio

De forma simplificada, no áudio profissional, podemos dizer que teremos “três tamanhos” de sinais de áudio que trafegam em dois tipo de cabos bem distintos. Então, fazendo essa distinção por tipos de cabos, teremos:

Sinais de Microfone/Instrumento e Sinais de Linha

Eles compartilham o mesmo tipo de cabo condutor. Geralmente, é um cabo coaxial: primeiro condutor central e o segundo condutor formando uma malha em torno do primeiro condutor devidamente isolado.

Sinais de Mic, Instr e Line, como costumam ser abreviados, têm baixa tensão e corrente elétrica. Por esse motivo, não precisam de grande espessura, pois não sofrerão muitos problemas com resistência. A prova disso é que existem multicabos, que são aqueles cabos grossos, com até 100 metros de comprimento e múltiplos condutores que levam todo o áudio do palco até a house mix, onde está o console de áudio. Funcionam, normalmente, sem qualquer problema.

Microfones e instrumentos trafegam sinais com tensão (vulgo “voltagem”) da ordem de 150 miliVolt. Sinais de linha possuem tensão média de 1,2 V, aproximadamente. Para isso, a espessura desses finos condutores já é mais do que adequada.

Sinais de Potência (Power)

Também conhecido como sinal amplificado, carrega este nome por estar sempre atrelado a saída do amplificador de potência do nosso sistema. Como um alto-falante precisa bem mais do que míseros milivolts gerado nos sinais descritos no item acima, era de se esperar que seu cabo também seria diferente.

Esse tipo de sinal requer um cabo no formato mais comum aos olhos do povo, um par de condutores paralelos e isolados para trafegar até dezenas de Volts do amplificador em direção à sua caixa acústica. Logicamente, em sistemas de caixas ativas com seus amplificadores internos, esses cabos não são vistos.

Evite sempre usar aqueles fios paralelos comuns (geralmente em cor branca, quando vinculados a cabos elétricos, ou o tradicional vermelho e preto para som residencial ou automotivo). Eles não têm capa de proteção. Assim, um acidente com algum material condutor poderá cortar esse fio, de tal forma que ocasione um curto circuito, que pode até queimar seu amplificador se ele não tiver proteção para isso.

Cabo de áudio do tipo PP
Cabo de áudio do tipo PP

O cabo do tipo PP é o mais usado. Ele tem esse nome por ter duas capas isoladoras, geralmente em PVC. Entretanto, o Cabo de Comando (ou Cabo de Controle), um pouco mais caro, é mais indicado pela facilidade de enrolamento, por ser bem mais flexível. Além disso, costuma ser mais durável, mantendo sua flexibilidade por mais tempo.

Sinais balanceados e não balanceados

Tanto os sinais de microfone, quanto os sinais de linha, podem ou não ser balanceados. Por outro lado, o sinal de potência nunca será, por não haver necessidade devido à sua relativa alta tensão e corrente.

O balanceamento de sinal garante que não existirá ruído penetrando nos cabos. Todavia, uma coisa tem que ficar bem clara: o balanceamento de sinal depende dos equipamentos, não do cabo. O cabo de áudio somente garante que o circuito que “balanceia” o sinal funcione. Portanto, um microfone e uma mesa de som, com saídas e entradas balanceadas, não atuarão como tal se seu cabo for desbalanceado.

Então, se desmembrarmos o cabo em conector de entrada de sinal, condutor e conector de saída de sinal, teremos que ter compatibilidade em toda a cadeia.

Ex.: MICROFONE >> CONECTOR >> CABO CONDUTOR >> CONECTOR >> MESA DE SOM

O sistema não balanceado conduz o sinal de áudio por meio de dois condutores. Já o sistema balanceado o faz em três condutores. Então, se o sinal de áudio falhar em qualquer parte do sistema descrito acima, passando por somente dois condutores, o sistema é não balanceado. Com isso, sem proteção contra ruídos.

Logo, um cabo balanceado será um equipamento cujos conectores e condutores estão preparados para trafegar três sinais distintos.

Cuidado para não confundir sinal estéreo, que necessita de três condutores para trafegar um par de sinais em L e R, e a Malha (uma espécie de aterramento como um sinal neutro comum entre os dois sinais de L e R), com sinais balanceados que usam três condutores para trafegar Hot (sinal), Cold (sinal com polaridade invertida) e Malha (comum entre os dois).

Tipo de cabos/conectores mais usados no mercado

Na linha de conectores de áudio profissional analógico, temos:

TS (P10) – O famoso cabo de instrumento. Composto por um cabo condutor coaxial de duas vias em um plugue de modelo TS e referência de tamanho P10 em cada uma das extremidades. Sinal sempre NÃO balanceado.

TRS (P10) – Composto por um cabo condutor coaxial de três vias em um plugue de modelo TRS e referência de tamanho P10 em cada uma das extremidades. Cabo com possibilidade de trafegar sinal balanceado.

XLR – O famoso cabo de microfone. Composto por um cabo condutor coaxial de três vias em um plugue de modelo XLR (macho) em uma extremidade e XLR (fêmea) em outra. Cabo com possibilidade de trafegar sinal balanceado.

RCA – Conhecido por alguns como cabo AV (áudio e vídeo) é um conector de duas vias (então, não balanceado), muito utilizado para tráfego de áudio em curtas distâncias. Ex.: Interface de áudio para monitores de estúdio; CDJ (player de áudio) para o Mixer.

TT Bantam – Aparentemente, é um TRS com tamanho intermediário entre o modelo P2 e o modelo P10. Ele tem uma capacidade de conexão diferenciada, mas está presente somente em Patchbays de Estúdios de Gravação. Costuma ter alto preço e função bem específica.

SPEAKON – Cabos que trafegam sinais de potência que conectam a saída dos amplificadores de potência em caixas acústicas passivas. Quando em conectores de variação NL4 podem trafegar até 4 condutores fazendo uma ou duas vias. Quando em conectores do tipo NL8, podem trafegar até 8 condutores com possibilidade de até 4 vias.

Conector Speakon NL4
Conector Speakon NL4

Alguns pontos de atenção nas escolhas de cabos

  • Alguns plugues do tipo TS e TRS têm variação de tamanho para (P2) comumente encontrados em smartphones e notebooks em suas saídas de áudio. Trafegam o mesmo tamanho de sinal, microfone e linha.
  • O uso de conectores como TS, TRS e XLR para sinais de potência também é uma prática pouco válida para potências mais elevadas (algo a partir de 100W). A superfície de contato desses conectores não está preparada para potências elevadas, causando, assim, muita resistência à passagem de sinal, prejudicando o som.
  • No passado, por falta de um padrão, era muito comum o uso de conectores de energia elétrica para ligar caixas em amplificadores, o que é fortemente desaconselhável devido a muitos problemas de conexão para esse fim.
  • Embora incomum no meio profissional de áudio, não há contraindicações em uso de cabos com conectores distintos, desde que mantenha a quantidade de condutores e tamanho de sinal adequado. Exemplo: cabo com um conector TRS e um conector XLR para trafegar um sinal balanceado e de linha de um console para um amplificador.
  • De forma geral, os cabos para sinais de microfone e de linha podem possuir algum tipo de blindagem extra que será sempre bem-vinda. Devido ao pequeno tamanho de sinal, quanto mais conseguimos protegê-lo de indução de ruído externo, melhor. Pode ser, até mesmo, a adição de uma capa metálica (muitas vezes, alumínio) que envolve os condutores internos do cabo.
  • Existem cabos com conectores TRS (P10) para o uso específico em cabeçotes de guitarras e contrabaixos. Nunca use cabos de instrumento para esse fim!

O que faz um cabo de áudio, para mesma função, variar de preço?

Primeiramente, como todo equipamento de áudio, existe muita variação de qualidade. Não é difícil encontrar histórias de cabos que acompanham “uma vida inteira” de um músico, como também as histórias de “estragou um dia depois da garantia”. Lógico que o fino trato influencia muito nisso, mas os componentes, também.

Fios condutores com alto grau de pureza no seu cobre, conectores de marcas reconhecidas pelo seu tempo de mercado e fácil aceitação em grandes empresas de sonorização e estúdios de gravação renomados – esses itens são bons indicadores. Mas, como sempre, a grife tem seu preço.

Ainda assim, existe muita subjetividade (também porque o ouvido comum não capta tamanha precisão) os cabos do tipo HIGH END. São caros. Alto grau de pureza e conectores, muitas vezes, banhados a ouro pela sua estabilidade – e, com isso, baixíssima possibilidade de oxidação. É comum se gastar centenas de dólares em somente um cabo RCA para os aficionados audiófilos.

Conclusão

O áudio profissional (ou amador apaixonado) necessita, basicamente, de um cabo de áudio que não mude o seu som e garanta estabilidade em seu uso, sem estalos, ruídos ou interrupções por mal contato. Outro detalhe importante é que ele, no mínimo, acompanhe a qualidade dos seus demais equipamentos.

Não é difícil ouvirmos experiências dos técnicos e operadores que usaram um sistema top de linha e tiveram seu trabalho prejudicado pelo cabo com o qual interconectam os equipamentos. Da mesma forma que esses profissionais já operaram equipamentos simples que não deram dor de cabeça nenhuma durante todo o evento, pois, certamente, usaram bons cabos.

O cabo de áudio é um equipamento importante, sim! Tanto quanto qualquer outro.

Quantas vezes um som é interrompido por um cabo de áudio quebrado, e quantas vezes por um console de áudio estragado? No que se refere aos cabos, o número será bem maior!

Se você já sabe o tipo de cabo que procura, nós, do Mundo da Música preparamos uma lista de equipamentos mais vendidos.

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