Tudo sobre home studio com Sérgio Izecksohn

Músico, educador, produtor musical e técnico de gravação são algumas das atividades de Sérgio Izecksohn, que também é diretor de uma das maiores escolas de criação musical do país e idealizador do primeiro curso de home studio.

Em um papo descontraído e repleto de conhecimento, Izecksohn falou sobre sua carreira, fez uma breve linha do tempo da indústria fonográfica e deu dicas preciosas para quem deseja montar seu estúdio em casa com poucos recursos. 

Quer saber tudo sobre home studio com Sérgio Izecksohn? Então, fique ligado no artigo de hoje!

O começo de tudo

Izecksohn começou a entrevista contando sua história para o Mundo da Música. O cara é fera na produção musical e teve forte influência do pai para iniciar a carreira. “Meu pai é zoólogo e sempre gravou e estudou sons de sapos, rãs e outros anfíbios. Ele mesmo criava conchas acústicas para tornar o microfone mais direcional e melhorar o áudio dos animais”, contou. 

Foi com a expertise adquirida nesse trabalho que o pai de Sérgio produziu algumas de suas bandas. “Meu pai foi o melhor técnico de gravação que eu poderia ter, pois coordenava, gravava e tudo ficava muito equilibrado”, acrescentou o músico. 

Enquanto observava o pai, Sérgio iniciou sua trajetória profissional. “Estudei, me formei e tive a ideia de montar o curso Home Studio – o primeiro na área. Hoje em dia, a escola, que tem 26 anos de história e tradição, oferece diversas qualificações na área de tecnologia para produção de música, como arranjo, instrumento, canto, técnicas de gravação e masterização”, explica.

Linha do tempo da indústria fonográfica

Sérgio relembrou que esse mercado já passou por constantes transformações. “Em um primeiro momento, os músicos dependiam dessa indústria. Os estúdios eram caros e as chances de comprar equipamentos bons eram muito pequenas. Bandas grandes como Os Mutantes é que ganhavam espaço, outros músicos dependiam de um convite para gravação”, conta.

Lá pelos anos 80, quando a produção musical começou a se democratizar, o músico já conseguia colocar suas ideias com ajuda das interfaces de áudio. “Porém, pelos anos 90, quando os gravadores de fitas deram espaço para os computadores, é que todo mundo começou a produzir em casa”, revela.

Para Sérgio, a liberação do som de qualidade na internet foi peça-chave para o surgimento do home studio, bem como o MP3 e o YouTube. “O músico ganhou independência completa nesse momento e quase todos os equipamentos caros passaram para dentro do computador”, explica. 

Interface de áudio e placas de som no mesmo lugar

Com a revolução do computador, o produtor precisa investir em interfaces de áudio, placas de som, fones, caixas de som e microfones. Todos os outros instrumentos estão dentro da máquina. 

“A libertação do músico é um computador bem desenvolvido. Além disso, sem a necessidade do contrato com gravadoras, o estúdio pode ser na sala, no quarto, onde a pessoa quiser. Tem gente que faz podcast no celular, com trilha sonora e tudo”, conta.

Sérgio acredita que sucesso não significa o apreço da maioria por uma grande produção musical, pois três garotos podem gravar um vídeo, um cantando e outros dois fazendo beats, ganhar milhões de views na internet e fazer muito sucesso. 

Tudo sobre home studio com Sérgio Izecksohn

O produtor e diretor também contou ao Mundo da Música como montar um home studio sem investimento alto. Ademais, ele deu diversas dicas de como começar com o pé direito. “O que diferencia um produtor do outro é o estilo artístico e musical, o conhecimento que possui e a sua visão de mundo. Isso tudo, muito mais do que a ferramenta que utiliza”, disse.

Um estúdio coringa pode gravar vozes, instrumentos físicos e virtuais para fazer trilha sonora, arranjos para artistas, podcasts e outras criações. “Com um bom computador, que pode ser Windows, MAC ou até com processador de código livre, é possível fazer bastante coisa boa”, sugere.

Vale lembrar que não é mais o dinheiro que compra a qualidade de som, mas o conhecimento. “Não adianta se basear na opinião de um amigo ou professor apenas, você precisa ir atrás de todo tipo de informação, vasculhar a internet, experimentar programas e escolher corretamente”, aconselha. 

Equipamentos necessários para seu home studio

Depois de um computador bom, a indicação de Izecksohn é que se comece com uma interface de áudio simples como a Scarlett 2i2, da Focusrite. Em relação ao estúdio, o Logic Pro X é bastante completo e tem tudo o que um músico precisa para passar da inspiração à gravação final.

Sérgio acredita que qualquer programa pode fazer qualquer tipo de música, mas é mais típico, por exemplo, um cara da área do hip-hop usar o FL Studio. Já quem gosta de produzir música eletrônica prefere o Ableton Live, por exemplo. “Porém, ambos também podem usar o Logic, o Reaper e outros, vai depender de qual se encaixa melhor na sua rotina e conhecimento”, completa. 

Orçamento e estilo musical

Para finalizar a gravação, muitos preferem o Pro Tools e outros já perceberam que podem fazer escolhas diferentes. “Precisamos levar em consideração algumas coisas, como o orçamento disponível e se a música possui voz, instrumentos, ou é somente eletrônica. Tudo isso influencia na decisão de qual caminho seguir”, revela.

Para Sérgio, quem tem poucos recursos e deseja produzir música eletrônica pode iniciar a trajetória com o próprio teclado do notebook, que tenha FL Studio ou Live instalado. 

“Depois, já pode investir em um teclado sensível ao toque, de preferência com quatro oitavas. Tem diversas marcas no mercado. Estou usando o da Roland, mas a boa e barata que está em alta no momento se chama Nektar”, indica.

Fones de ouvido, caixas de som e microfones indicados

Os fones indicados pelo educador são os das marcas HG e Sennheiser. As melhores caixas de som, segundo ele, são os modelos Yamaha Hs7 e KrK Rokit 6.

Sobre os microfones, Sérgio acredita que o Shure SM58 seja interessante para começar. Já as placas de som variam bastante. As mais novas já são do tipo Usbc, mas a maioria dos músicos ainda trabalha com Usb 2.0.

“As consideradas mais baratas são Presonus, Xtrad, Focusrite e Steinberg. Porém, se você quiser investir mais, pode escolher a placa Apollo, da Universal Audio. Vale ressaltar que elas são mais caras por terem melhores conversores de áudio e pré-amplificadores mais eficientes”, diz.

Revolução digital a favor da coletividade

Com essas dicas ficou mais fácil escolher seus programas e acessórios, certo? Mas, atente para essas outras dicas do Sérgio:

“Espero que toda autonomia que o músico adquiriu com o home studio se transforme em um trabalho coletivo”, disse. O professor acredita que o mercado como um todo vai melhorar quando os produtores/músicos trabalharem juntos, afinal, cada profissional pode ter algo a acrescentar na produção do colega.  

Segundo ele, boa parte disso se deve à democratização musical para quem não é músico. Assim, deixamos de ser especialistas e nos tornamos universalistas. “Se antes você precisava de um fotógrafo para fazer as fotos da sua banda, hoje um vizinho pode produzir imagens bacanas com o celular. É isso que quero dizer”, conta. 

Por fim, e não menos importante, Sérgio dá um conselho. “Não comece querendo fazer parte das playlists do Spotify, gastando seu suor (e dinheiro) com isso. Aposte nas suas redes sociais e divulgue seu trabalho com toda força. Esse é o melhor caminho”, finaliza.

ATENÇÃO! O Curso de Produção Musical do Sérgio começa dia 20/07! Para se inscrever, clique aqui.


Leia mais:

Receba nossas dicas e novidades em seu e-mail!

Nerau