Semana da Igreja ao Vivo: Sincronia de áudio e vídeo na live

Uma das principais medidas adotadas para conter os avanços da pandemia do novo coronavírus, foi o isolamento social. Porém, com as pessoas em casa, passaram a surgir novos hábitos de vida para a população. 

Com o objetivo de evitar aglomerações e contato com outras pessoas, as transmissões de eventos ao vivo foram uma das principais mudanças notadas. Empresas, artistas e, até mesmo igrejas, adotaram a prática.

Já faz alguns anos que essa tendência de videochamadas e transmissões ao vivo apareceu no mercado de conteúdo digital, porém, com a crise da Covid-19, esses hábitos acabaram se intensificando, gerando muitas dúvidas em quem, até outro dia, não era adepto dessa tecnologia.

Foi pensando nisso que o Mundo da Música realiza a Semana da Igreja ao Vivo, com a finalidade de auxiliar técnicos de som e vídeo de igrejas a realizar transmissões mais assertivas, sanando as principais dúvidas desses profissionais. 

Nesta quinta-feira o tema foi “Sincronia de áudio e vídeo” e, para tratar desse assunto, contamos com a presença de:

  • Flávio Bonanome: sócio da Catuaí Conteúdos Especiais, produtor de Conteúdo para publicações impressas e digitais no segmento de Tecnologia, com mais de 10 anos de experiência na cobertura para produção e distribuição audiovisual.
  • Daniel Di Castro: Técnico em som e música com 27 anos de profissão. Além de especialista, consultor e palestrante em eventos e instituições como Church Tech Expo, Brasil Áudio, HotSound, Roland Brasil, Playtech, AES Brasil, Liceu do Áudio e Electrovoice. Atualmente coordena e opera Sistemas de Mixagem Remota Ao Vivo.
  • André Espíndola: diretor técnico da Seegma Pro Áudio, é responsável técnico pela Igreja da Cidade em São José dos Campos, proprietário do AC4 Creation Studio, projetista, consultor e coaching na área de áudio e vídeo para igrejas e outros mercados.

Além disso, vale lembrar que a Semana da Igreja ao Vivo foi criada com a intenção de trazer casos reais de transmissões ao vivo e dicas para realizar a melhor transmissão possível dentro das suas possibilidades. 

Confira a seguir tudo que rolou nesse super bate papo.

Entre risadas, Flávio Bonanome começou contando um pouco sobre sua experiência há um ano atuando como sócio da Catuaí. Embora a empresa esteja apenas há um ano no mercado, Flávio já trabalhou muito tempo com eventos de transmissão corporativa, e relata um pouco sobre a facilidade de lidar com o tema. “O conteúdo normalmente não é pensado para vídeo, não vai ter marcação de palco, você não vai ter um apresentador falando para a câmera”, diz.

Além disso, o produtor relata como sua experiência foi crescendo ao longo das atuações com esse tipo de transmissão e afirma que devido a pandemia, a busca pelas famosas “lives” teve um aumento significativo, o que colaborou de certa forma para a busca por soluções diferentes para atender a demanda, além de novos clientes.

Porém, Flávio assume que, com a alta demanda, a Catuaí passou a produzir lives mais sensíveis, como as de produção musical ou que contêm produtos específicos para estarem em uma live. Mas com algumas pesquisas, esses problemas foram “tirados de letra”.

Entre os maiores trabalhos realizados pela Catuaí atualmente, estão trabalhos com música e para o segmento gospel. Flávio relata sua experiência com a transmissão do grupo de jovens da Igreja dos Mórmons. “Foi um desafio bastante interessante, porque a gente tinha que transmitir tudo, absolutamente tudo remoto”, afirma.

Graças às medidas de isolamento social, não haveria nenhum profissional na casa das pessoas. “Todos os sinais chegavam para a gente remotamente, isso foi um pesadelo de sincronia”, ele conta sobre a experiência que lhe trouxe muito aprendizado. 

Guia do técnico de áudio de igreja

Que equipamentos podem ser utilizados em pequenas e grandes estruturas, para garantir a melhor sincronia?

Para responder esse questionamento, André Espíndola contou um pouco sobre os equipamentos utilizados na Seegma Pro Áudio e que, neste cenário em que onde as buscas por transmissões ao vivo aumentam gradativamente, há inúmeras soluções para internar o áudio ao computador para realizar as lives.

O diretor técnico da Seegma informa que, no sentido de sincronia de áudio e vídeo em lives, a ordem das coisas a serem seguidas ou conectadas são importantes para que o áudio e vídeo possam trafegar juntos.

André aproveita para responder à pergunta de um participante :“existe uma fórmula para isso?” e afirma que, se existe uma fórmula para determinar essa ordem, ele desconhece, mas que é necessário conhecer a latência de cada equipamento.

Como fica a parte técnica?

Chegou a hora de passar a bola para Daniel Di Castro, que conta como funciona seu trabalho de técnico a distância.

“Esse negócio de sincronia é interessante, porque já que eu passo por isso toda semana, todo mundo acha que é mágica eu operar a distância”, brinca Daniel. Ele prossegue contando sua experiência durante uma palestra em Brasília, ao mesmo tempo em que operava uma banda em São Paulo via internet 4g.

Daniel explica que existe uma grande diferença entre operar e tocar, que é possível fazer tudo isso a distância, mas que o ideal é possuir uma boa conexão com a internet dos dois lados.

Essa modalidade de operação de áudio a distância trouxe uma facilidade para a vida dos profissionais, muitas vezes porque o técnico está em outro evento, como foi o caso de Daniel. Em outros casos, pode existir uma dificuldade de locomoção de um ponto a outro, que pode ser solucionado por meio do “trabalho EAD”.

Por este lado, a pandemia proporcionou aos profissionais maior segurança com esse tipo de atuação. Pelas medidas de higiene para evitar a disseminação do vírus, os operadores de áudio e vídeo a distância foram mais procurados para a realização de lives.

Graças a isso, Daniel conta que, hoje, possui três clientes a distância, sendo que dois são igrejas onde ele apresenta o culto ao vivo. No outro, ele auxilia um produtor musical da igreja e conta que “hoje eu não preciso mais mandar arquivo, ele acompanha as mixagens a distância”.

O que seria indicado para um sistema de transmissão simples?

André comenta que, hoje em dia, muita gente usa a Zatem, da Blackmagic, ou algum outro switcher onde você já faz tudo que precisa pelo computador. Mas é fundamental compreender que o áudio e o vídeo precisam estar alinhados. Para isso, é necessário entrar com o áudio e o vídeo ao mesmo tempo.

Esse é o processo para evitar que existam duas latências diferentes e não gere a diferença entre as duas mídias. Muitas vezes, as pessoas acham que o problema é do YouTube, mas na realidade, geralmente não é.

André também afirma que “existe essa coisa da sincronia que eu preciso ver no local. Preciso bater o olho no monitor e ver que aqui está fora de sync”. Além disso, o diretor ressalta a importância de prestar atenção no tipo de arquivo, no caso de vídeo e áudio analógico, que não colabora para uma boa sincronia.

Flávio concorda, mas comenta que, muitas vezes, a pessoa não está monitorando o PGN e está simplesmente enviando para a internet. E destaca a importância de ver o que está sendo feito em uma tela grande.

“Vou tentar ser bem sutil”, brinca Daniel, ao falar que muita gente usa coisas que não fazem sentido no mundo do áudio, como, por exemplo, uma pessoa que compra um switcher e uma plaquinha de áudio extra. Ele relata sua vivência: “o áudio está lindo, mas não sincroniza”.

Chegando ao final da transmissão, Carlos Pinto abre espaço para as perguntas da audiência, confira algumas.

O truque para mixagem remota são os equipamentos ou os softwares?

Daniel responde falando que o truque é exatamente os dois, e relata sobre o dia que ele modificou o culto da igreja da sala de sua própria casa. E, novamente, afirma que o maior segredo para isso é ter internet de qualidade nas duas pontas. Quem transmite tem que ter internet cabeada. Já no caso de quem recebe, a internet pode ser via wi-fi. 

Quais são as maiores dificuldades de operar uma live?

Flávio alegou que o equipamento não costuma ser um problema. Quando ele é contratado para fazer uma live presencial, fica encarregado de levar o equipamento. Já quando a live é remota, existe um setup montado no estúdio.

Caso a empresa não possua algum equipamento, Flávio conta com parceiros de locação e brinca com André: “a gente loca bastante coisa da Seegma”. Ele conta que o maior problema não é tecnológico, mas o entendimento com o cliente sobre o que eles vão fazer.

Para finalizar a live, Daniel indica muito estudo, capacitação e testes para descobrir como esse trabalho funciona. “O assunto é vasto, é ciência, tem seus complicadores, é fácil em algumas situações, mas, para ser fácil, tem que ter conhecimento”, finaliza.

Além disso, vale ressaltar que dia 29 de maio, às 20h, temos a última apresentação da Semana da Igreja ao Vivo, com a live sobre “Como transmitir um culto por Facebook, Instagram e Youtube – e quais são as diferenças de cada rede?” com Dimitri Juliano, pastor e proprietário da Agência Cross.

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Nerau