Nessa semana o mundo da música foi pego de surpresa com uma notícia que deixou muita gente triste. Após 28 anos de carreira, chegou ao fim o Daft Punk: o mais influente, conhecido e enigmático duo da música eletrônica.

O anúncio do fim do Daft Punk

Como nada no Daft Punk nunca seguiu a lógica do convencional, o anúncio foi feito através de um curta-metragem de 7 minutos (veja abaixo). Publicado no Youtube oficial da dupla, apesar da mensagem bem clara, sequer uma palavra é dita.

No curta, os dois famosos robôs começam caminhando por um deserto até que um deles para de maneira repentina. Então, o outro continua caminhando normalmente sobre o solo árido até perceber que algo está errado com seu parceiro.

Ele dá meia-volta e é surpreendido com um pedido: por meio de sinais, a máquina pede para que seu amigo ative algo como um “código de auto-destruição”. O companheiro hesita por algum tempo, mas acaba respeitando o desejo da sua outra metade.

O código então é ativado, o droide, perto do seu fim, caminha para longe e logo explode em pedaços. A tela exibe a mensagem “Daft Punk (1993-2021). A câmera se afasta e grava, de longe, o membro remanescente do duo em meio ao sol do deserto continuando a caminhar em frente, mas sozinho.

Se formos interpretar a mensagem como direta — algo sempre perigoso quando se trata de Daft Punk —, eles parecem querer nos avisar que um dos membros se cansou da vida de estúdio e quer dar mais atenção a outros projetos pessoais, talvez sua família ou outra ocupação. O membro remanescente, provavelmente seguirá sua jornada em carreira solo. Não sabemos quem é quem nessa jornada, mas o tempo dirá.

O fim do Daft Punk foi, por horas, o assunto mais comentado no mundo inteiro, segundo o Twitter. Isso mostra quantas pessoas a banda influenciou. Mas como e por quê eles chegaram até esse ponto? É o que vamos discutir agora.

Principais marcas do Daft Punk na história

Em primeiro lugar, há toda a mística e o mistério que cerca os franceses. Apesar dos muitos trabalhos e grandes sucessos, em 28 anos não há sequer UMA foto em boa resolução que nos mostre os rostos de Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem-Christo. Estes são os homens por baixo das conhecidas fantasias. Algo que depois influenciou uma geração de DJs que hoje tocam de máscaras, mas jamais conseguiram manter o mesmo nível de anonimato dos francos.

Em segundo lugar, o Daft Punk foi responsável por popularizar a mistura do que havia de mais underground na música eletrônica da europa com uma sonoridade mais pop, dançável e até radiofónica. Isso nos anos 90, anos luz à frente dos EUA nesse quesito. Assim, agradando tanto aos fãs mais hardcore quanto ouvintes casuais.

Conheça mais do Daft Punk

Seu primeiro trabalho, Homework, lançado em 1997 começou esse processo e já elevou de cara o patamar da dupla, que unia som e mística, com canções como Da Funk e Around the World. Foi um sucesso absoluto de crítica. Contudo, a grande explosão do Daft Punk ainda estava por vir.

Então, ela viria no seu próximo disco de estúdio, Discovery, lançado em 2001. Ali consolidou a mistura que faria do Daft Punk lendas. Conta com canções que já estão na história da música, não só eletrônica. Por exemplo, Something About Us, Harder, Better, Faster, Stronger e talvez a mais conhecida canção do duo One More Time. Essa última é cantada até porque quem talvez nem faça a mínima ideia de quem eles sejam.

Então, Discovery transformou a dupla francesa em estrela mundiais. O álbum foi sucesso de crítica, público e recebeu elogio de lendas da música eletrônica como Giogio Moroder. Para se ter uma ideia, a respeitada revista Spin chegou a comparar o disco com o Nevermind do Nirvana e Sign o’ Times do Prince. Não é pouca coisa!

Na discografia do grupo ainda caberiam discos como Human After All e a trilha sonora do reboot dos filmes da franquia de filmes Tron. Mas, ambos foram recebidos de maneira morna e sem o sucesso dos dois primeiros álbuns. Porém, o Daft Punk estava prestes a mudar de direção e fazer novamente história. Encontrou um norte que funcionou perfeitamente com o seu trabalho: as parcerias.

Parcerias

Em 2007, o rapper Kanye West lançou o single Stronger, que sampleava e contava com co-produção e co-autoria da dupla de franceses. Não só isso, como vocês podem observar abaixo, os robôs não só participaram da parte musical. Ele também aparecem extensamente e como personagens importantes do clipe, gravado em Tóquio e inspirado no anime clássico Akira.

A partir daí, Kanye e a dupla se tornaram verdadeiros amigos, e eles foram responsáveis por co-escrever e produzir muitas outras canções com o rapper. Com destaque para o álbum Yeezus de 2013, em que eles participam de mais de 5 faixas, entre elas outros hits da carreira do rapper americano, como Black Skinhead.

Assim, mostrando que as parcerias eram mesmo a nova dinâmica que o grupo perseguam, eles lançaram, também em 2013, o álbum Random Access Memories. Este viria a ser o seu último disco de estúdio. O disco chegou cheio de parcerias, por exemplo, o mega hit com Pharrell Williams (Get Lucky) e Julian Casablancas, dos Strokes (Instant Crush). Ademais, conta tamvém com a lenda, considerado um dos pais da música eletrônica, o italiano Giorgio Moroder (Giorgio by Moroder).

Novamente, o disco foi um fenômeno de público e crítica e reconfirmou o status de lendas vivas.

Apresentações ao vivo

Entretanto, na era dos smartphones e total falta de privacidade, eles não fizeram sequer UMA apresentação ao vivo após o lançamento do disco, mesmo com toda a repercussão positiva. Talvez por temerem perder seu anonimato e se expor depois de tantos anos.

Mesmo assim, rumores de que FINALMENTE o Daft Punk faria uma apresentação ao vivo em algum dos maiores festivais do mundo, ou até uma turnê completa, jamais pararam de circular. Toda semana um lugar diferente confirmava um show do Daft Punk.

Infelizmente, para quem não conseguiu vê-los antes, fica a remota experiência de uma reunião um dia, quem sabe, uma turnê. A esperança é pequena, mas tudo é possível no mundo dominado por máquinas do Daft Punk.

No Brasil a banda fez apenas uma turnê em 2006, tocando no extinto Tim Festival. Abaixo você pode ver uma foto da relíquia que tornou-se o ingresso daquela apresentação. Sorte de quem pôde ir!

Ingresso Daft Punk Tim Festival

Eterno Daft Punk

Mas, nem tudo é tristeza, a música do Daft Punk é eterna e sempre nos acompanhará. Então, o melhor a fazer é agir como um dos robôs do curta-metragem de anúncio do fim: respeitar o fim da banda. Tal qual o robô que explode no filme, as faixas da dupla continuarão a explodir nossas mentes e agitar as pistas de dança, até o fim dos tempo.


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