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Mundo da Música, 19/08/2020
Manta ou espuma acústica? Qual o ideal para estúdio caseiro? Isolamento ou condicionamento acústico?
Primeiramente, devemos deixar claro que isolamento e condicionamento são coisas diferentes. O primeiro separa ambientes para que o som não entre nem saia, e o segundo traz conforto a quem está no ambiente.
Com acesso cada vez maior a instrumentos musicais, equipamentos de áudio e gravação profissionais (e a uma ampla gama de material teórico disponível), não é surpresa que uma quantidade relevante de pessoas tem conseguido fazer ensaios, gravações e edição com qualidade, sem sair de casa ou gastar rios de dinheiro.
São os chamados home studios, sonho de dez entre dez músicos!
Se você está em processo de montagem ou melhoria do seu estúdio caseiro, é importante prestar atenção não só nos equipamentos usados, como nas propriedades do cômodo que o abrigará.
O certo é que, se estamos falando de um home studio, quase nunca há investimento sobrando para fazer o que quiser nesse quesito. Então, vamos ao mais prático e comum no mercado: espumas e mantas.
Materiais para isolamento e condicionamento acústico
Se você não está em um ambiente comercial e não passará pelo crivo dos bombeiros checando seu Plano de Proteção Contra Incêndio (PPCI), você terá uma preocupação a menos. Boa parte do material ofertado na internet não passa pelas novas normas estabelecidas. Isso não quer dizer que não tenham retardadores de chamas ou outro tipo de proteção para este fim. É que a proteção exigida agora é bem mais criteriosa do que no passado.
A absorção sonora é realizada com o uso de espumas porosas. Ela servirá para controlar o nível de reverberação dentro do seu ambiente. Dependendo de sua espessura, se forem das mais “grossinhas”, atacarão mais as frequências baixas do que as espumas mais “fininhas”.
Isolamento
Em primeiro lugar, vejamos como o ambiente deve ser tratado tendo em vista o seu isolamento sonoro.
As propriedades para isolar o som por um sistema simples de vedação estão diretamente associadas à sua massa, como demonstra a Lei da Massa, na maioria das vezes considerando a frequência de ressonância do sistema e a frequência com que é ativada. O isolamento acústico também dependerá da rigidez do sistema, principalmente de suas vedações. Onde passa ar, pode passar som.
Quando falamos em isolamento acústico, devemos escolher um material que seja um mau condutor de som, ou seja, que reduza parcial ou totalmente a intensidade sonora de um ambiente para outro. Usando esses materiais, você isola. Por exemplo, vidros espessos podem ser um excelente isolante, mas não absorvem o som.
Condicionamento
Agora vamos falar de condicionamento. Absorção é a capacidade do material de transformar a energia sonora em energia mecânica e, consequentemente, térmica. Como, por exemplo, simples cortinas e tapetes, absorvem parte do som que chega até eles, e ele perde energia. A espuma acústica serve para fazer essa absorção, ou seja, o som bate nela e é absorvido, não reverberado.
Há no mercado alguns tipos específicos de espuma que contêmm manta de bloqueio, que também ajuda no processo de isolamento. Repetindo: ajuda, não resolve. A espuma para tratamento acústico com manta de bloqueio deve ter ficha técnica e gráficos contendo níveis de absorção e atenuação de acordo com a frequência.
Todas essas propriedades fazem com que caia por terra uma história que você, certamente, já ouviu: a de que caixas de ovo sejam uma opção barata para isolar ou absorver o som.
E as caixas de ovo?
Em primeiro lugar, caixas de ovo não são boas em isolar o som, pois são materiais leves, não possuem peso significativo, ao contrário de paredes espessas e densas (muita massa), com altos valores de Perda de Transmissão ou Índice de Atenuação de Som.
Já a absorção, comumente é realizada por materiais porosos, entre quais, teoricamente, as caixas de ovo se encaixariam. Esses materiais são feitos com cavidades ou poros internos nos quais a energia sonora é convertida em calor. Isso retarda a perda de energia da onda sonora incidente no material e, consequentemente, diminui a quantidade de energia sonora refletida.
Porém, a semelhança na aparência e geometria das caixas de ovos com materiais absorventes do tipo “poroso”, comumente usados em estúdios, cinemas, auditórios e outros, pode causar confusão sobre sua eficiência.
O aspecto irregular da geometria dos materiais absorventes do tipo poroso permite uma maior quantidade de poros, aumentando a área de absorção. Porém, ao contrário desses materiais absorventes, a embalagem de ovos não é um material puramente “poroso”, pelo contrário: são geralmente feitos de papelão reciclado sem porosidade. Portanto, mais um mito!
E o isopor?
Outro material diversas vez associado ao isolamento acústico é isopor, que também não funciona bem. Não é muito denso e, muitas vezes, permite que a onda ultrapasse os limites do cômodo.
Com todas essas informações, você já está pronto para dar mais um passo em direção ao home studio perfeito! Por isso, lembre-se: espumas, se usadas com sabedoria, podem ser uma ótima opção para tratamento acústico. As caixas de ovo e o isopor não passam de mito pela semelhança que apresentam com a forma das espumas usadas em ambientes comerciais.
Agora mãos à obra e, depois, aos instrumentos!
