Se você precisa comprar um equalizador de forma separada para seu sistema, é porque precisa de um uso específico, uma sonoridade diferente ou uma alternativa aos equalizadores que você já tem. Seja ele em seu estúdio na sua DAW (Digital Audio Workstation) ou complementar ao seu console que ainda não os tenha, para a sonorização ao vivo.

A escolha de um novo equalizador passará principalmente pela quantidade de novas ferramentas para correções ou busca de texturas diferentes para vozes e instrumentos. Para chegar à escolha correta, precisa-se entender seus filtros e que novas possibilidades ele trará – sejam eles equalizadores gráficos ou equalizadores paramétricos, analógicos ou digitais.

Equalizador
Equalizador

O Mundo da Música produziu este guia para explicar os parâmetros dos equalizadores que mais importam para a sua escolha. Texturas e timbres são estritamente gosto pessoal, e essa parte de desenvolvimento de sua arte deixaremos com você. Mas, na parte técnica vamos ajudar.

O que é um equalizador?

A forma simples de definir um equalizador é entendê-lo como um filtro, ou grupo de filtros, que manipula a intensidade das frequências de um sinal elétrico de áudio. De forma mais simples ainda, aumenta ou diminui graves médios e agudos do som.

A forma mais complexa é o entendimento de como ele faz a mágica. Que tipos de filtros há nos equalizadores e que uso se pode dar a eles.

Tipos de filtros dos equalizadores

Os equalizadores de áudio do mercado, em quase sua totalidade, são agrupamentos de três diferentes tipos. Isso quer dizer que, se entendemos esses filtros, entendemos o funcionamento de quase todos os equalizadores. Então, vamos lá!

HFP ou LPF – são os filtros HPF (High Pass Filter) também conhecidos como Low Cut (Corte de graves), e o LPF (Low Pass Filter) conhecido como High Cut (Corte de agudos), respectivamente. São as estruturas mais simples que se pode encontrar. São filtros passivos, por não precisarem de alimentação, que podem somente diminuir intensidades, nunca as amplificar. Além de presença nos equalizadores são as bases de construção também dos crossovers.

SHELVING – em uma tradução literal como “filtros de prateleira” se dividem em Low Shelf e High Shelf. O primeiro filtro, o low shelf, manipula de uma determinada frequência apontando em direção ao graves. Ele pode promover atenuação da região de frequência – não corte como no filtro anterior – bem como uma amplificação da região por se tratar de um filtro ativo. O mesmo acontecerá para o segundo, o high shelf, só que para o outro lado. Talvez sejam os filtros mais comumente encontrados em qualquer dispositivo de áudio, e pode atender por nomes do tipo Bass e Treble.

 PEAKING (BELL) – o filtro do tipo Peak é o mais utilizado para os médios, por se tratar de um filtro que busca manipular uma região específica do áudio. Com um formato de sino, ele depende de três parâmetros para que possa manipulá-lo integralmente: Gain, que é a possibilidade de atenuar e dar “ganho” em uma região de frequências; Frequency, que também ´r conhecido como Sweep, que escolhe qual região de frequências se quer manipular; e o Fator Q (fator de qualidade) que é a largura de banda que o filtro atingirá em relação as suas frequências vizinhas.

Preciso de equalizador gráfico ou equalizador paramétrico?

Não existe uma regra específica que rege esse assunto, mas há algumas indicações devido a certas facilidades que um ou outro geram para quem os usa. Separamos em dois subtópicos para falar especificamente de cada um.

Equalizadores Gráficos

Suas principais virtudes são visualização e velocidade de ajuste. É um conjuntos de filtros peaking (31 para os equalizadores profissionais de 1/3 de oitava) colocados lado a lado em uma sequência que vai do início do espectro auditivo até o seu fim. Isso faz com que, mesmo que você esteja a uma certa distância do equalizador, por ser gráfico, visual, você ainda consiga identificar claramente o que foi feito nele.

Equalizador Gráfico
Equalizador Gráfico

Seu uso está bem vinculado ao áudio ao vivo como o responsável pela equalização e alinhamentos do sistema tanto de P.A quanto de Monitor. Tem raro uso em estúdios de gravação.

Equalizadores Paramétricos

Neste, a virtude está na precisão da manipulação das frequências. Com número bem menor do que os equalizadores gráficos, geralmente tem 4 bandas. Só que tem total liberdade de ajuste de ganho, frequência e largura de banda, o que o torna muito mais preciso por este motivo. Pela utilização de cada ajuste em knobs, de certa distância, praticamente não permite visualizar o que (e se) foi alterado, necessitando a leitura da serigrafia do equipamento para saber quais ajustes foram feitos.

O seu uso é mais comum em estúdios de gravação pela sua precisão e menor problemas com fase. Mas isso não o impede de ter boa aceitação no mundo ao vivo. Tanto é que estão presentes nos canais de consoles, tanto analógicos, como digitais. O uso em alinhamento de sistemas, como função comum para os equalizadores gráficos, é um pouco mais complexo. Porém, muito indicado, principalmente se trabalhar lado a lado com algum tipo de medição acústica e elétrica do sistema, por exemplo, com o uso dos RTA (Real Time Analyzer).

Quantidades de parâmetros dos filtros

Ao tratarmos ainda dos equalizadores paramétricos, presentes em pequenos e simples consoles de áudio, mas também nos mais sofisticados equalizadores de masterização de estúdio, eles podem se diferenciar entre si pela quantidade de parâmetros acessados. Ou seja, do simples agudo e grave da mesinha de som até inúmeros filtros variáveis em ganho, frequência e fator Q dos equipamentos mais dedicados. Veremos abaixo algumas diferenças:

Filtro Não-Paramétrico – Temos acesso somente ao ganho da frequência em questão. Este filtro terá frequência e largura de banda fixa. Comum a agudos, médios e graves em sistemas mais.

Filtro Semiparamétrico – Temos acesso ao ganho para determinarmos atenuação ou ganho na região, e ao sweep (frequência), que escolhe qual será a frequência de sintonia do filtro. Este filtro terá largura de banda fixa. Comum em consoles um pouco mais sofisticados, principalmente contemplando os filtros dos médios.

Filtro Paramétrico – Neste há acesso aos três parâmetros possíveis em um filtro do tipo peaking: Ganho, Frequência e a Largura de Banda, em que se decide o quanto das frequências vizinhas será afetado pelo uso do filtro. Visto em consoles analógicos top de linha ou na maioria dos consoles digitais.

Equalizador Totalmente Paramétrico (Full Parametric) – Estes, além dos parâmetros completos dos filtros paramétricos, podem variar em tipos diferentes de filtros. Ou seja, pode-se escolher entre HPF/LPF, Shelving e Peaking de acordo com nossa necessidades. Hoje em dia, presente em praticamente todos os softwares de áudio de estúdio e consoles digitais recentes.

Equalização técnica corretiva ou equalização artística criativa?

O uso do equalizador pode ser tanto para resolver um problema, quanto para melhorar algo que ainda não está ao nosso gosto. São objetivos bem diferentes. Mesmo assim, muitas vezes não consegue-se separar o técnico do artístico – e está tudo certo, acredite.

Podemos dizer que o alinhamento de um sistema de sonorização ao vivo para reproduzir o mais linearmente possível todas as frequências da audição – evitar microfonias – pode ser técnico. Mas, pensando por outro lado, isso faz com que o violão soe melhor aos nossos ouvidos. Então, é arte.

Uma peça da bateria não está soando bem pelo vazamento do bumbo, então, aplica-se um low cut para ter som melhor. Então, arte? A ação de usar um filtro para cortar o som de um instrumento que nem é o instrumento a ser captado é uma técnica.

Não importa se é técnica ou arte, o mais importante é sempre termos claro em nossa mente o motivo para usar um equalizador. Isso sempre será o mais importante.

Aplicações dos equalizadores

Já sabemos que um equalizador manipula frequências. E isso serve para qualquer formato, mídia e uso que o áudio possa ter. Vamos tratar nesse tópico dos dois principais usos dados a esses equipamentos. Se você irá utilizá-lo em outro, não tem problema. O racional do uso será idêntico.

Sonorização ao vivo

Eis um lugar em que o equalizador gráfico ainda impera. Com o bom software de análise de ambientes, ou um ouvido bem apurado, podem ser utilizados os equalizadores, também, mas boa parte dos técnicos ainda não abrem mão da velocidade e praticidade do gráfico.

Equalização de sinal de áudio de canal – é o uso do equalizador quando o resultado sonoro de um instrumento ou voz em específico não agrada de forma independente ou na mixagem geral diretamente no canal da mesa com o equalizador existente.

Alinhamento de P.A. – tecnicamente muito utilizado como parte do processo de alinhamento de sistemas colocados na saída master do console, com função de ajustar o sistema de caixas acústicas de P.A. ao ambiente.

Alinhamento de Monitor – tecnicamente muito utilizado como parte do processo de alinhamento de sistemas colocados na saída auxiliar do console, com função de ajustar o sistema de caixas acústicas de monitor (retorno) ao ambiente.

Insert de P.A. ou Monitor – quando você não está satisfeito com o equalizador do seu console e usa um amplificador externo para ajustar a equalização de um canal em específico. Em alguns consoles, pode ser usado também em subgrupos ou matrix, por exemplo.

Estúdio de Gravação

O estúdio de gravação é praticamente dominado pelos equalizadores paramétricos. Nestes, até se justifica o uso de equalizadores caros – de alto valor agregado – para dar aquele toque final à sonoridade do instrumento ou voz.

Equalização de sinal antes da gravação – muitos técnicos de estúdios gostam de gravar limpo (sem nenhum tipo de processo no áudio) para depois fazer tudo que precisa na mix e master. Porém, muitos, baseados em suas experimentações, já adicionam as “cores” do equalizador durante o processo de gravação com o intuito de criar algo de forma mais pronta e única.

Equalização na mixagem – o uso mais convencional do equalizador dentro do estúdio. Esta tarefa procura ajustar os timbres para soar bem em conjunto. Muitas técnicas são desenvolvidas para cada estilo musical, gerando, às vezes, até algumas receitas de bolo, nem sempre desejáveis.

Equalização na masterização – no momento em que a música está mixada e já se tornou um par de sinal em L e R, cabe, os ajustes para que o conjunto da obra soe exatamente como se espera. No mundo das gravações, é na masterização que se tem os maiores investimentos em equalizadores, com seus sons famosos e únicos.

Problemas de fase no uso dos equalizadores?

O uso indiscriminado de equalização pode não surtir o efeito que se espera para a qualidade do áudio. Às vezes, na tentativa de corrigir a resposta de frequência de um sistema de caixas acústica, uma voz, ou instrumento, adiciona problemas de tempo no áudio na região que foi afetada pelo equalizador.

Problemas de fase
Problemas de fase

Qualquer filtro equalizador possui componentes eletrônicos que atrasam minimamente a emissão das frequências que eles manipulam. O atraso pode até ser mínimo – inaudível se ouvido separadamente, mas já será suficiente para causar cancelamentos, visto que basta 1/40000 de segundo para já afetar frequências do espectro auditivo.

Não se pode deixar de usar um equalizador na hora da necessidade por causa disso. Mas deve-se atentar que brincar com equalizações fortes podem não valer a pena. O mais importante é o som, sempre. Então, se o EQ ajudou em algo, já é motivo o suficiente para usá-lo. Se não sabe se ajudou, arrisque deixar o áudio como está.

Atributos extras para equalizadores

Nem sempre são encontrados em todos os modelos, mas, abaixo, veremos alguns recursos que podem estar presentes nos equipamentos digitais.

Low Cut – Ok, já sabemos o low cut também é um filtro equalizador, mas aqui a sua função é dizer a partir de qual frequência o sistema de áudio vai operar. Filtro que se sobrepõe à equalização principal, muito utilizado na sonorização ao vivo.

Limiter – Muitos equalizadores podem vir com outros tipos de circuitos adicionados à linha do áudio. Limiter é um limite de intensidade de áudio para a saída do equalizador, para evitar pico de volume fora da especificação do sistema.

Subwoofer Out – Alguns modelos de equalizadores pode vir com uma saída separada para o uso de subwoofer. Normalmente, são equalizadores de médio porte que visam substituir o trabalho de um crossover externo para sistemas mais simples.

RTA – Em equalizadores digitais, já é comum vir atrelado a um RTA projetado visualmente em cima do equalizador. É uma forma muito prática de “ver” o áudio que passa pelo equipamento, facilitando os ajustes. Atributo exclusivo dos sistemas digitais.

Conclusão

Cabe a você compreender que o equalizador é usado para uma correção de algo que atrapalha de forma técnica ou soa mal aos seus ouvidos. Em um mundo ideal, o som da voz perfeita entra em uma microfone perfeito, é reproduzido por caixas acústicas perfeitas, em um ambiente acusticamente perfeito até os ouvidos perfeitos de ouvinte em uma posição perfeita. Desta forma, não precisaríamos de equalizador algum, porque não teríamos problemas a serem resolvidos. Seria muito otimismo tamanha perfeição, você não acha?

Então, para resolver os problemas de um mundo não perfeito, usamos os equalizadores.

Não importa se é digital ou analógico, integrado ao seu sistema ou separado, de rack, da série 500 com sua lunch box, de bancada… um equalizador é sempre um equalizador com todas as características positivas e negativas em seu som. O mais importante para sua mixagem com o uso de equalizadores é saber onde se quer chegar.

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Em breve.