Chegou o momento de falar de um dos mais renegados e incompreendidos equipamentos que temos no áudio: o Direct Box. Visto por alguns como aquela caixinha preta (ou prata) que pouquíssima gente sabe para que serve.

Mal sabem essas pessoas que o técnico “raiz” de verdade vai ter um desses escondido na sua mochila, junto com uma silver tape (ou fita crepe branca para os mais humildes) e, lógico, sua lanterninha.

Também conhecido como D.I. de (Direct Input), é um dos responsáveis por organizar a famosa estrutura de ganho desde o início do sistema, começando os ajustes para equilíbrio e qualidade dos sinais que chegam à sua mesa de som.

O objetivo do Mundo da Música com este guia é ajudar você a encontrar o D.I. ideal para seus instrumento ou o mais indicado como multifunção em seu estúdio ou sonorização. Mas, para isso, precisamos aparar algumas arestas que existem neste equipamento tão mal compreendido.

O que é um Direct Box?

O Direct Box é um equipamento presente logo no início do nosso sistema que tem duas funções bem distintas e específicas. Vamos a elas:

Casar impedâncias

Diferentes tipos de instrumentos produzem diferentes valores de tensão (voltagem) nas suas saídas. Dito isto, o Direct Box fará com que qualquer instrumento ligado a esse se compatibilize com a entrada de seu console de áudio (mesa de som). Isso garantirá qualidade e segurança logo no início do sistema, pois sabemos que, uma vez o áudio distorcido, ele nunca retornará a seu estado inicial.

Falamos somente de instrumento neste momento, e não de microfones. Por padrão, todos os microfones têm sua saída compatível de forma a não precisar de um direct box.

Balancear o sinal de áudio

O balanceamento do sinal de áudio impedirá toda e qualquer indução de ruídos no cabo da saída do direct box até a entrada no console de áudio. Um microfone, por padrão, já é balanceado, ou seja, já está protegido.

Todavia, um contrabaixo ligado em linha no sistema (sem o uso de cubo amplificado) é um sinal desbalanceado em sua natureza. Logo, necessita de um direct box para balancear osinal e protegê-lo de ruído. Isso também serve para teclados, violões e qualquer outro instrumento que não entregue um sinal balanceado.

É bom deixar bem claro que o direct box não tem o poder de eliminar ruídos, mas de impedir que ele entre pelos cabos. Ou seja, se você tem um instrumento com defeitos elétricos em sua parte interna, o D.I, certamente, não salvará a sua pele. Ele não entende o que é ruído e o que é som. Simplesmente, mantém igual ao que recebe em sua entrada e garante a chegada desse sinal na entrada da mesa de som.

Sinal balanceado x Estéreo
Sinal balanceado x Estéreo

Por que preciso de um Direct Box?

Usar um cabo desbalanceado por longas distâncias ou um sinal “incompatível” com a entrada do console pode gerar problemas como vimos acima. Então, antes de sair culpando os equipamentos por ruídos ou distorções de sinal, vamos fazer um levantamento de todo o nosso sistema e averiguar onde está balanceado e onde está desbalanceado.

Se for no estágio de entrada de sinal no console, um direct box resolve o problema de quem está fora de padrão. Nas saídas, a partir do console, o direct box não tem utilidade, pois precisa-se de sinal de linha na saída do direct, e ele não faz isso.

Instrumento com saídas de linha, como teclados, por exemplo, tem um sinal incompatível com as entradas de microfones dos consoles. Então, o uso de Direct Box é praticamente obrigatório.

Muitos falarão que há entradas em nível de linha específicas em seus consoles para isso. O que está absolutamente correto. Contudo, deve-se verificar a distância que o console estará dos instrumentos, pois quase nunca essas saídas são balanceadas. Então, acertamos a impedância e falhamos no balanceamento.

Por segurança total de nosso sistema, os dois pontos devem ser atingidos: casamento de impedância e balanceamento de sinal.

Quando usar um Direct Box Passivo ou Direct Box Ativo?

Dizem por aí que o ideal é usar instrumentos passivos em direct box ativos e instrumentos ativos em direct box passivos. Isso é pelo motivo de que, de certa forma, eles se completam em características. Entretanto, isso não é tudo.

Particularmente já usei ativos em instrumentos ativos e passivos em instrumentos passivos. Ideal? Certamente, não. Mas o problema seria muito maior se eu não os usasse.

Direct Box Passivo

O D.I. passivo é um circuito que não necessita de alimentação para funcionar, e sua base operacional está em pequenos transformadores de tensão. Justamente por se tratar de um circuito passivo, ele não tem a capacidade de melhorar o nível do sinal do instrumento ligado a ele.

Logo, como dito acima, é indicado o uso de instrumentos com sinais mais fortes, garantindo a chegada do sinal no console com melhor relação entre sinal e ruído possível. Seu ponto forte fica justamente em poder trabalhar com sinais fortes sem saturação de seu circuito.

Direct Box Ativo

O D.I. ativo é um circuito que necessita de amplificação, logo, precisará de fonte de energia externa, bateria ou, até mesmo, o Phantom Power vindo do console. Ele, justamente, é indicado para uso de instrumento que tem sinal de áudio baixo, pois faz o uso de sua alimentação para poder aumentar a amplitude de sinal do instrumento chegando com mais qualidade ao console. Seu ponto forte é, justamente, a possibilidade de aumentar o nível de sinal que irá percorrer seus longos cabos.

Para que ser a chave Lift/Ground?

Ruídos, principalmente os famosos ruídos de rede de 60 hz. Essa chave serve para “levantar o aterramento” do sistema. Isso pode ajudar a eliminar o ruído e evitar loop de terra. Porém, o mais importante para o momento é compreender que não existe uma posição ideal para esta chave. Use a posição que resolver o problema. O que se torna claro ao se pensar que, se existisse uma posição única para ela, a própria chave não existiria, pois a posição certa já estaria integrada ao próprio circuito. Ponto.

O importante, nesse caso, é saber que, se existe alguma incompatibilidade entre aterramentos, podemos fazer o uso dessa ferramenta e salvar o áudio.

Chaves de Lift/ground e atenuadores
Chaves de Lift/ground e atenuadores

Para que serve a chave ATT (atenuação)?

Quando há um músico que não entende muito bem o seu papo sobre estrutura de ganho e, a cada apresentação (ou cada música), ele costuma aumentar o volume de seu instrumento – como se você não fosse notar – precisamos apresentá-lo à chave ATT, ou PAD em alguns modelos de D.I.. Exemplo: – 10 dB, – 20 dB.

Ou seja, é uma ferramenta muito útil quando se tem um sinal muito forte entrando no sistema, ao ponto de que, mesmo com “ganho no zero”, ainda está perigosamente próxima à saturação.

Alguns modelos têm uma “atenuação positiva”. É o caso dos direct boxes ativos que, além da capacidade de atenuação, contêm a possibilidade de aumento do nível de sinal. Exemplo: + 10 dB.

Algumas variações dos Direct Boxes

D.I. Estéreo – Não importa se é ativo ou passivo, é basicamente dois direct boxes em um. São feitos para dois sinais distintos, mas muito usados em instrumentos eletrônicos que já têm seu sinal estéreo. Deve-se atentar que, nem sempre, os recursos utilizados no modo “um canal” estarão disponíveis no modo “dois canais”, ou estéreo.

D.I. Multicanal – São direct boxes com quatro ou, até mesmo, oito entradas. Os de quatro entradas podem ser passivos ou ativos. São múltiplos circuitos compartilhando o mesmo compartimento. Os de oito entradas costumam ser ativos e montados em um formato de rack padrão 19”. Também são mais completos em parâmetro.

D.I. “Acústico” – Um tipo bem especial e específico de “direct box”. As aspas são por conta de que sua função está mais em equilibrar a captação de alguns instrumentos em específico do que diretamente o trabalho de um direct box convencional. Caso clássico dos violões com seus captadores piezoelétricos de alta impedância. São equipamentos que dão um upgrade no sinal, tentando manter a sonoridade do instrumento.

Reamp – Atenção guitarristas e técnicos de estúdio de gravação! Para quem não conhece esse equipamento, é um dispositivo que pega um sinal de linha e transforma em um sinal de instrumento. Perfeito para aquele músico que casou o dedo escolhendo um timbre para o seu instrumento e chega na hora do REC e não tem, digamos, aquele desempenho esperado. Com ele, você pega uma gravação de uma guitarra limpa (sem efeitos e bem executada) e pode passar horas escolhendo o amado timbre ideal em frente ao seu cubo ou cabeçote. Não é exatamente um D.I., mas cumpre função semelhante.

Isoladores – Nem poderiam ser chamados de D.I., mas, como são facilmente confundidos com Direct Boxes, achamos melhor colocá-lo nesta listinha. No entanto, é um equipamento utilizado no áudio profissional, que serve para isolar eletricamente suas entradas e as saídas, protegendo seus equipamentos de áudio da circulação de corrente elétrica não desejada entre eles. Comumente usado em sistemas de áudio ao vivo que são interligados a outros tipos de sistemas. Exemplo: um equipamento de um show ligado a um equipamento de uma rádio que irá transmitir o evento.

Conclusão

Se você pode ter uma coleção de direct box, tenha! Ativos, passivos, estéreos, enfim. Certamente, você irá usá-los. Todos ao mesmo tempo? Talvez, não, mas ficaria feliz em ter o adequado e resolver o problema com rapidez e eficácia.

Sabemos que existe D.I. de todos os preços, para todos os bolsos. Achamos conveniente que você opte pelos preços médios. Não precisa comprar os de grife mais caros, mas também evite aqueles que não trarão muita confiança.

O mais importante é estar seguro de que seu som está adequadamente preparado e protegido de ruídos e qualquer outra intempérie.

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