Semana da Igreja ao Vivo: como usar o OBS Studio

O aumento da quantidade de transmissões ao vivo já era uma tendência antes do início do isolamento social. Com advento da pandemia e suas consequências, esse cenário se acelerou muito, sendo muito abrangente o público que consome conteúdo de vídeo ao vivo. As igrejas foram afetadas especialmente, pelo fato de ser necessário evitar as aglomerações. Por isso, muitas igrejas têm feito suas reuniões e cultos de forma virtual.

As transmissões ao vivo pela internet já eram uma realidade para as igrejas do Brasil. A questão é que, agora, as pessoas se viram obrigadas a buscar rapidamente esse conhecimento, o que pode gerar muitas dúvidas e inseguranças. Foi pensando nessa necessidade que a Semana da Igreja ao Vivo trouxe dois especialistas para falarem sobre o OBS Studio, atualmente um dos mais usados programas de computador disponíveis para esse tipo de atividade. 

Foram convidados o José Medina, do projeto Missão Live, e o Hugo Herzog, Sócio e Colaborador do Comunicai. O Medina trabalha desde o final dos anos 90 com Tecnologia da Informação e atua desde de 2008 com transmissões para Internet, em especial, para igrejas. O Hugo atua com sistemas de tecnologias nos mais variados segmentos de áudio e multimídia para igrejas há 20 anos.

Vale lembrar que a Semana da Igreja ao Vivo é uma iniciativa do Mundo da Música que tem como objetivo trazer especialistas e casos reais de transmissão de culto ao vivo, para que o técnico de igreja, consiga fazer a melhor transmissão possível de acordo com os recursos que tem. 

Confira aqui um resumo das principais dicas que Medina e Hugo passaram no bate papo que rolou na noite do dia 27/05. A íntegra da transmissão você encontra abaixo e no nosso canal do YouTube. 

Afinal, por que o OBS Studio é o software mais usado nas lives? 

Primeiramente, segundo Medina, por ser um software gratuito, o OBS já tem uma grande vantagem, principalmente para as igrejas de pequeno porte que estão começando suas transmissões ao vivo. Hugo afirma que o processo de aprendizagem do programa é bem intuitivo e se desenvolve sem maiores dificuldades, proporcionando ao usuário conhecer como funciona o processo de uma transmissão ao vivo – podendo, inclusive, partir para outros programas pagos quando achar que houver necessidade, ou seja, o OBS funciona como um ponto de partida já com qualidade. Muitos profissionais utilizam esse programa em eventos tanto no mundo das igrejas quanto em eventos profissionais, ou seja, ele atenderá todas às suas necessidades em termos de transmissão ao vivo, mesmo sendo um programa gratuito. 

Além disso, por ser um programa de código aberto, existe uma comunidade de desenvolvedores que mantêm o programa, atualizando as aplicações com as novas tecnologias e corrigindo os problemas, algo que nem sempre existe com alguns programas pagos.

Um exemplo que foi trazido por Medina é o protocolo de transmissão SRT, que não é um tão novo, mas tem sido cada vez mais usado em transmissões de vídeo. O OBS Studio possui suporte para esse protocolo, fato que não se encontra em alguns softwares pagos.

Hugo afirma que “uma das áreas que eu trabalho é o desenvolvimento de projetos para igrejas. No OBS da pra fazer tudo, principalmente em um cenário de igreja, onde vai precisar de um corte de cena, incluir legenda, por exemplo”. 

“Pra mim, é a solução ideal, pelo menos pra quem está começando. Lógico que depende de gosto pessoal, existe uma corrente direcionada para que as igrejas adquiram softwares pagos, o que eu entendo. Mas, se a sua igreja está começando agora e precisa escolher uma solução, não compre um software, não vá pelo programa pirata, opte pelo OBS Studio, que é gratuito e tem uma comunidade muito forte de divulgação de conhecimento”, aconselha Hugo. 

“Quando falamos em transmissão, você tem que entender todo um conceito que existe por baixo. Você tem que entender o que é um protocolo, seja transporte ou de stream, o que é um encoder, o que é um decoder, qual é o trabalho envolvido por trás do programa. Porque, se entender o que está acontecendo ali, no momento em que o programa não estiver mais atendendo às suas necessidades você pode ir para outro e já vai saber o que tem que fazer ali”, continua Medina. 

Confira as questões respondidas.

O que fazer se o áudio estiver contando? 

HUGO: Primeira coisa é ter garantia que o áudio está chegando no software de transmissão. Procedimento básico: tem que monitorar esse áudio na entrada. Se você está usando uma placa de captura, bota o fone ali e escuta pra ver como está. Fez isso, vai no software e clica no “gravar”, confere se o áudio está chegando bem. Garante que o teu áudio está chegando corretamente no software de transmissão. Resolveu esse estágio? Testa sua internet. Confere o upload, o jitter, a latência, garante que não está perdendo pacote. Quando começar a perder pacote, a primeira coisa que vai prejudicar é o áudio. Dá pra fazer os testes de internet no Brasil Banda Larga. Os testes têm que começar da raiz do problema. Depois que chegou no computador, você já sabe que não é nada antes da mesa de som.

MEDINA: Quando você vai fazer algum tipo de teste, primeiro vá na parte física, da fonte, de onde se inicia o processo. Dali, você vai testando até chegar no software, na configuração. Posso dizer o seguinte: depois de passar por esse processo, dificilmente o problema vai ser no OBS Studio. É mais provável que seja nos cabos, no microfone, etc. Por isso, é importante sempre monitorar o áudio, ficar com um celular acompanhando a live com fone de ouvido, para saber exatamente como está saindo o áudio”

Problemas de tela preta no OBS Studio

MEDINA: Acredito que seja problema na captura da tela no OBS. Isso normalmente acontece com a placa da Nvidia e, às vezes, acontece com a Amd também. Nesse caso, tem que ir nas propriedades da placa de video, na configuração de 3D, e selecionar para o OBS funcionar com o vídeo/interface integrado. Volta no OBS e faz o teste. Acredito que seja um problema relacionado ao drive da placa de vídeo.

Quais protocolos aos quais o OBS tem suporte?

O OBS tem suporte para praticamente todos os protocolos, principalmente por ser um software livre. O importante é saber qual é a exigência da plataforma que usará transmitir a live, e os protocolos permitidos por ela. 

Como fazer transmissão pelo OBS em mais de uma plataforma?

MEDINA: Tecnicamente, o OBS só tem uma saída de transmissão, portanto, ele só transmite para um plataforma. Você pode usar para uma plataforma que faz essa distribuição como Restream, por exemplo. Aí, você faz um upload só e a plataforma distribui. Você pode usar o Nginx, que é um servidor usado como programa na web ao qual o OBS se conecta. Esse programa faz o mesmo processo que o Restream, só que na sua máquina. No caso, a desvantagem é que cada plataforma que você for transmitir vai ser um upload, portanto, se você for transmitir para duas plataformas, como Facebook e YouTube por exemplo, vai consumir o dobro de banda de internet, mesmo que o OBS demonstre a estatística de consumo de um único upload. Outra alternativa que surgiu há pouco tempo é um plugin que você adiciona ao OBS e ele faz essa distribuição, a desvantagem é que o plugin trabalha em várias em instâncias. Cada plataforma de transmissão é uma instância de renderização, o que consome processamento. Além disso, o OBS não dá informação de estatística dessas transmissões. Eu uso o Nginx, que funciona perfeitamente e só realiza uma instância, é a minha dica.

HUGO: Eu já prefiro usar o sistema pago, que me apresenta várias possibilidades. Como eu trabalho em várias igrejas, e nem sempre posso estar presente, eu tenho que treinar uma equipe que saiba o básico, pelo menos iniciar a transmissão. O sistema pago me apresenta algumas facilidades, como iniciar a transmissão e ela já ir para as plataformas, além da questão das estatísticas de monitoramento. Para mim, foi o método de trabalho que me deu mais confiança. Ele funciona bem nessas conexões de internet que não são boas, inclusive quando tenho que usar 3G. Eu uso bem o Restream.